Sentado em um banco da
estação ferroviária estava Isaque. Ali sentado, observava a paisagem enquanto
esperava a chegada do trem. Eram três horas da tarde, e o tempo estava
agradável. O vento suave batia no rosto de Isaque, e com ele vinham as
lembranças da doce Rebeca, sua amada. Sua chegada estava marcada para as quatro
horas, mas ele, como bom mineiro, sempre chegava adiantado.
Enquanto aguardava a
chegada, olhava as pombas que voavam pela estação e se alimentavam das migalhas
que ficavam nos trilhos. Observava os casais que passeavam pela praça, do outro
lado da estação, e com isso, a saudade aumentava cada vez mais, e exclamava
consigo mesmo:
Eta trem danado sô! Que
num chega logo.
O tempo foi passando e a ansiedade foi
aumentando. Não conseguia mais ficar sentado. Então começou a andar de uma
ponta a outra da estação. Perguntava ao chefe da estação as horas, e ficava
ainda mais nervoso, pois duas horas já haviam passado do horário da chegada do
trem. Anoiteceu, e a lua charmosa apareceu no céu estrelado como estrela
principal do espetáculo. O coração de Isaque estava apertado e sua mente
perturbada. Pensamentos tristes lhe vinham à mente e mais uma vez exclamou:
- Trem danado, tá cortando
meu coração!
Cansado da espera, adormeceu. Com o
sono vieram os sonhos atormentadores. Por último, sonhou que Rebeca o havia
traído, por isso não chegara. De repente, um apito quebrou o silêncio do ar. Um
barulho tremendo preencheu o lugar. Isaque acordou assustado, com o sonho na
cabeça e lagrimas nos olhos da desilusão. Então, olhou, olhou e viu a doce Rebeca
desembarcar do trem. Correu ao seu encontro e disse:
- Por que oçê demoro
tanto? Achei que oçê tinha me abandonado.
Ela respondeu, com um
sorriso maroto:
- Eu num avisei na carta
que o trem ia chegar às quatro da manhã?
Isaque disfarçou,
envergonhado beijou a amada e pensou: “É por isso que dizem que mineiro nunca
perde o trem”.
Foi exatamente um encontro
do desencontro.
José Geraldo da Silva
aiiii gostei
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