sábado, 15 de setembro de 2012

A VELHA SEMPRE NOVA HISTÓRIA




Todo guri que vive na roça é tinhoso por natureza. Não era diferente com o Quim. Sua vida era muito agitada. Levantava às 5h da manhã para ajudar o seu pai na lida. Tratava das galinhas, dos porcos e limpava o curral das vacas. Isso tudo antes de ir para a escola rural. Caminhava cerca de dois quilômetros até lá. No caminho encontrava os outros guris e iam contando histórias e brincando. Ele tinha um amigo inseparável, o Miro. Estavam sempre juntos, aprontando as mais diversas traquinagens. Na sala de aula era prejuízo ficarem próximos. Inteligência não lhes faltava, esperteza nem se fala. Mesmo com essas qualidades, não eram considerados bons alunos, pelo contrário, eram tachados de alunos problemas.
            Aquela manhã foi marcante para o Quim. Estava atrasado, e pelo caminho imaginava as desculpas que daria a sua professora. Seu repertório de mentiras estava esgotado. Tinha matado vários parentes, deixado doente várias vezes, seus irmãos e pais, até o Miro entrava em suas histórias, pobre Miro, uma espécie de fiel escudeiro, um verdadeiro Sancho Pança. Admirava o amigo e aprovava tudo que este fazia. Não discordava nunca
            Chegou à sala, para sua surpresa a professora não estava. Os colegas todos sentados de cabeça baixa, inclusive o Miro. Stella a mais inteligente da turma estava com os olhos vermelhos e encharcados de lágrimas. Ficou estático, não teve coragem de perguntar.
            Depois de alguns minutos o diretor entrou na sala para dar explicações, pois corria o boato de que Dona Mariana havia morrido. Com ar solene transmitiu a dura notícia. Ela, a professora querida, não morrera, mas estava gravemente ferida, pois sofrera um acidente automoblístico e podia nunca mais se mover do pescoço para baixo. Pela primeira vez Quim sentiu vontade de chorar, seu coração de menino sentiu o golpe. Lembrou-se que no dia anterior tinha aprontado uma das suas e a professora saiu triste da sala por causa disto. Pesou em sua mente um sentimento de culpa e arrependimento. Ele gostava dela. Foram dispensados das aulas.
            A alegria saiu do ar, não brincou pelo caminho, não zombou do Miro, esse, aliás, estava taciturno, e de súbito começou a chorar. Quim não sabia o que fazer. Isso não era comum, só choravam quando se machucavam nas suas traquinagens. Pobre Miro, desmoronou. Sentados, sem saber o que dizer um para o outro, choraram juntos.
            Passou um carroceiro em direção ao sítio onde viviam e deu-lhes uma carona e perguntou porque estavam tão tristes. Contaram a história, o que havia acontecido com a professora e a sua situação, ficar tetraplégica. O carroceiro não falou mais nada, pois Dona Mariana fora a sua primeira professora. Desceram da carroça e cada um foi para sua casa levando a sua dor.
            Meses se passaram, uma substituta ocupou o lugar de Dona Mariana, mas não ocupou o seu lugar no coração dos alunos. O Quim já não brincava mais, não aprontava, vivia o tempo todo calado. O acidente da professora causara um impacto profundo em sua vida. As noticias não eram boas, realmente ela fora parar numa cadeira de rodas e tinha agora sua vida limitada e para viver dependia das outras pessoas. Muitos alunos foram visitar a mestra, menos o Quim e o Miro. O Miro porque seguia os passos do amigo, ainda não havia se desprendido.
            Quim não tinha coragem e visita-la, pois a entristecera muito com suas atitudes. Tinha receio dela não aceitar sua visita. O fim do ano chegou, as aulas terminaram e cada um foi curtir suas férias e as festas natalinas. Mas antes disto todos os alunos da turma de Dona Mariana foram visita-la. Ele não foi, pediu ao Miro que fosse e entregasse a ela uma carta. Ela ficou muito feliz em ver os seus pupilos. Foi difícil conter as lágrimas. Olhou e reparou que o seu aluno arteiro não estava com o grupo e perguntou por ele. Miro lhe disse que o amigo estava envergonhado e não tinha coragem de vê-la, por isso mandou uma carta.
            Sua filha mais nova buscou rapidamente seus óculos, abriu o simples envelope e posicionou a carta diante de seus olhos. Uma lágrima, depois outra. Silencio. Lágrimas corriam de seus olhos.
            “- Querida professora,
            Sei que a senhora se aborreceu muito comigo. Não fui um bom aluno. A senhora pode num acreditá, mas faz muita falta pra mim. Tudo que a senhora falava nas aula, ficô guardado na minha cabeça e depois do seu acidente saltaram diante de mim como uma lebre. Isso me fez muda bastante. Num fiz mais bagunça, num falei palavrão. Tirei boas nota. Pena que a senhora não pode vê.
            Todos os dia eu rezo pro papai do céu curá a senhora. Me perdoa e desculpa os meu erros de português.
            Ti amo.
                                                                                             Joaquim dos Santos”
            Um silêncio pairou no ar. Ninguém por minutos disse sequer uma palavra. De repente a velha professora olhando para todos naquela sala, com uma voz doce misturada com emoção disse:
            - Tinha dezoito anos quando fiz o meu juramento em relação ao magistério. Prometi que iria exercer minha profissão com amor, respeito e ética. Sempre acreditei no meu papel. Muitas gerações de meninos e meninas passaram pelas minhas mãos. Muitos tornaram-se pessoas honradas e bem-sucedidas. Hoje ao ler esta carta tive a certeza de que sempre estive certa. As palavras têm poder e a educação é o caminho para a transformação de uma sociedade. Quero ver o Quim para dizer-lhe que valeu a pena.
            Dias depois, lá estava ele. Aproximou-se da sala cabisbaixo, com vergonha. Ficou aguardando a chegada de sua mestra, até que alguém empurrando a cadeira de rodas a deixou a sós com ele. Com ternura na voz e um rosto de fada lhe disse:
            - Querido, venha até aqui e me dê um beijo.
            Numa atitude de reverência prostrou-se diante dela, beijou-lhe as mãos imóveis e seu rosto banhado pelas lágrimas. Com muita dificuldade soltou a voz dizendo:
            - Pro...professora, me perdoa por não ter sido um bom aluno, pelas tristezas que lhe causei.
            - Não precisa pedir perdão. Respondeu ela. Só quero que me prometa que estudará bastante para se tornar um grande doutor.
            - prometo.
            Antes de sair deu-lhe uma toalhinha que fora bordada por sua mãe, onde estava escrito. “Eu te amo, mestra querida”. Com a qual a professora enxugou as lágrimas.
            Anos se passaram e o menino Quim tornou-se homem, formou se em Direito e no dia de sua formatura fez o discurso, e no fim, após todos os agradecimentos, com a voz embargada lembrou-se de Dona Mariana e disse:
            - Convivi com um anjo, que na mais profunda dor me ensinou uma grande lição. Hoje estou cumprindo a promessa que lhe fiz. Dona Mariana a senhora foi o meu grande referencial, sou mais um que foi transformado por suas sábias palavras. Muito obrigado.
            A plateia inteira aplaudiu o gesto do futuro Dr. Joaquim dos Santos, hoje juiz de Direito, inclusive o Dr. Waldomiro Moraes de Castro, aquele que sempre fora o fiel escudeiro do amigo, o menino Miro.

Autor: José Geraldo da Silva
                                                 
                                                           :

8 comentários:

  1. adorei professor muito emocionante

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  2. muito legal! parabens professor!!!!!!!!!!

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  3. mt mt legal mesmo adorei !!! minha mãe tbm gostou de mais !!

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  4. adorei o seu conto professor !

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  5. 1)O que os textos tem em comum?
    R: Alguns textos tem o mesmo modo do narrador contar a historia
    2)Como e feita a narrativa do velho Chico em relação a outros contos?
    R: o velho Chico a narração dele e diferente de outros textos e uma narração que o escritor fez por isso a historia fica mais interessante de se ler
    3)Quais as características dos personagens dos contos : O velho Chico ,O encontro do desencontro e a velha sempre nova historia
    R: o velho Chico e um garumpero que era muito malvado e era temido por todos e ele acaba se apaixonando por uma bela moça e acaba perdendo a sua bravura .
    O encontro do desencontro , e que um mineiro que esperava a sua amada na estação de trem estava ansioso para vela e de tanto esperar acabou adormecendo e sonhou que sua amada avia o traído e quando o trem, chegou acordou desisperado e quando a viu ficou muito feliz
    4) Em quais dos contos existe uma reflexão de vida? Cite
    Na do velho Chico pq ele era o cara mais temido da cidade e derepente se apaixonou por uma linda mulher teve seus filhos e foi trabalhar na roça para sustentar sua família
    5) Faça uma sintaxe de todos os contos
    R: A tartaruga e a lebre : não se conta vitoria antes da hora pq você não sabe se vai ganhar ou perder não importa se você e bom ou ruim .
    O velho Chico : e a historia de um cara que era fazendeiro mais temido por todos que viaja e acabou se apaixonando e que aposentou sua arma e teve uma família
    O encontro e o desencontro : e a historia de um homem que amava a sua amada e e sonhou que ela o deixava mais quando acordou ficou aliviado por que era apenas um sonho
    O babadinho vermelho: e a historia de um menino que era totalmente diferente ele era gay e não se importava com isso e ia visitar a vovo dele sempre que podia levava batom maquiagem e gostava muito de roupas color

    Fim : nome : Alanis Candido guerra 7ano c : Alayde Domingues couto Macedo

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  6. ta no nome da minha mae mais e a alanis candido guerra professor a prima da bianca

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