sábado, 15 de setembro de 2012

EM PORTUGAL TEM SETE DE SETEMBRO?

      Outro dia um amigo me abordou e em tom de brincadeira me fez a seguinte pergunta: - Em Portugal tem Sete de setembro? Com certeza foi mais uma das piadas que costumam fazer com nossos patrícios lusitanos. E é claro que a minha resposta foi que sim. 
       Entretanto, esta brincadeira me levou a uma reflexão. Brincadeira ou não, ela tem sentido. Fiquei pensando no sentimento dos portugueses quando Pedro I deu o grito do Ipiranga ou foi um grito no Ipiranga? Sabemos que não havia ninguém, a não ser a sua comitiva para ouvi-lo, mas com certeza este gesto deu muito pano para manga. Nascia a nossa tão sonhada independência num sete de setembro.            Muita água rolou no riachinho do Ipiranga até que se estabelecesse aqui um novo regime de governo, a Monarquia. Os patrícios d’além-mar venderam muito caro esta nossa liberdade. Dizem que foi daí que nasceu a nossa histórica dívida externa. Não é para menos, Dar de graça quase um continente com aproximadamente oito mil quilômetros de praia, uma hidrografia invejável, sem contar a cidade maravilhosa com suas belezas, e bota beleza nisso.    
       Perderam a terra onde Caminha um dia escreveu: que tudo que nela planta, dá. Infelizmente não tem muita terra para quem de fato quer plantar. A cidade maravilhosa esconde nos morros a sua verdadeira face. E o quase continente quase duzentos anos após sua independência, ainda vive a desigualdade social e a falta de boa educação, moradia, saúde, e nos últimos dias a falta de segurança. 
        Hoje não se pode ver o riachinho do piranga, pois já foi canalizado. O grito ficou na lembrança. O sete de setembro virou data cívica, comemorada apenas por poucos, pois o feriadão pede uma praia, uma chácara. É claro, o trabalhador tem mais que se divertir do que assistir aos desfiles militares. Aliás, militar lembra também uma fase obscura da nossa história. 
     Enfim, os portugueses não têm sete de setembro para se orgulhar, porém fazem parte da comunidade europeia e estão em pleno desenvolvimento. É por isso que acredito que muitos deles saudosistas ou não devem dizer: “bendito sete de setembro!”. 
                                                                                                                           José Geraldo da Silva

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