sábado, 29 de setembro de 2012

MUNDO ENCANTADO

Se existe um mundo encantado
Este mundo é o do sertão
Nele há a magia do luar
Luar cercado pela corte das princesas estelares
Há também os pirilampos que piscam
Para enfeitar a festa noturna, embalada´
Pela orquestra  do lago onde a lua
Reflete seu olhar apaixonado
Sertão do sol escaldante embrasado
Do caboclo forte determinado
Que sulca a terra tocando  seu arado
Abrindo as entranhas e fertilizando 
O solo com o sêmen suado
Aguardando ansioso as lágrimas
De prazer e felicidade pelo fruto
Que vai ser gerado
Sertão do cantador que canta
Suas dores, dissabores e seus amores
Sertão das farturas, das doçuras, das agruras,
Das loucuras e travessuras
Lugar em que se sente o corpo encharcado,
Embriagado pelo cheiro viril da terra
Que sustenta firme o mundo encantado
Onde o homem se encontra ensimesmado
Para ser, apenas ser, no ser tão iluminado.

                   José Geraldo da Silva

CHEIRO DE SAUDADE

Senti o toque suave do vento
Senti você bem perto
E com o toque senti teu cheiro
De repente acordei...
Mas não estou bem certo
Se estava sonhando
ou se estava acordado
O teu cheiro me trouxe saudade
Saudade... saudade
Ah! Estava acordado
Sem teu cheiro,
somente saudade.

            José Geraldo da Silva

O QUE É AMAR?

O que é amar?
sem resposta, comecei a refletir
Pensei nas várias possibilidades
para responder
Imaginei o marinheiro a navegar
por terras longinquas sem saber
quando irá voltar
À noite ele olha as estrelas
e o clarão da lua
e de saudades começa chorar
Imaginei o lavrador derramando suor
cortando a terra para semear
lançando a semente e esperando
o fruto perfeito para colher
Imaginei o pintor em sua tela lançar
sonhos, esperanças e uma impressionante
obra criar
Imaginei também o poeta
que rabisca versos
que rabisca ilusões, dores,
certezas, belezas, que rabisca amores
De tanto imaginar, imaginei você
Razão do meu navegar
Razão do meu semear
Razão do mais belo quadro pintar
E razão destes versos rabiscar
Então descobri que isto é amar.
                                  José Geraldo da Silva

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O GRITO

Há um grito que ecoa no ar
Grito que não quer a lembrança apagar
Grito das crianças esqueléticas a suplicar,
a gemer, a implorar na escuridão dos porões,
tentando apenas tocar com a boca faminta
um pouco de vida sugar.
Grito das mães que se tornaram cisternas rotas
e os seus filhos não podem alimentar.
Grito que sai das entranhas
que rasga a garganta sem força
para que alguém possa escutar.
Grito das meninas sonhadoras
que viram seus sonhos acabar,
pois seus castelos foram invadidos
e roubadas foram as joias da inocência.
Grito dos meninos que no mundo
foram esquecidos, que conheceram
o som do chicote e da brutal violência.
Ah! O grito ecoa no ar.
Ele vem dos porões infames
das naus que levam a alegria, a liberdade
e a nobreza dos guerreiros da Mãe África.
Ele vem dos troncos banhados de sangue.
Da carne dilacerada pelos açoites
que rompem a madrugada
e que causaria inveja ao maior dos inquisidores.
Ah! O grito não quer calar.
Não cala, pois ainda não há consciência.
Ainda não cessaram os açoites,
os vilipêndios e vitupérios.
Não são mais os chicotes e as chibatas
que causam a dor.
Agora é uma arma cruel
que causa dissabor.
Arma que é negada, camuflada,
mas que é usada e professada pelas bocas
daqueles que ainda não têm consciência
de que o grito ainda ecoa no ar.
Grito que ecoou nos Palmares
e que subiu aos ares e que o tempo
não pôde abafar.
Hoje se maltrata no tronco da ignorância,
nos porões da insensatez.
Negando aos filhos da terra
o direito de se ter direito.
O direito de ser, mesmo com a cor diferente,
de ser gente da gente.
O grito está no ar para acabar
com o discurso de quem DIZ
que não há CRIME e NEM AÇÃO
contra os direitos de ser diferente
com tantas diferenças em nossa formação.
Ah! Quando não houver discriminação
o grito será apenas para lembrar
que vivemos uma grande nação.

José Geraldo da Silva




terça-feira, 25 de setembro de 2012

PROJETO: ROTEIROS DE VIAGEM


Projetos Roteiros de viagem
Público alvo: Alunos do nono ano
Duração: 1 mês
Responsável: Prof. José Geraldo da Silva
Local: EMEF. Profª Alayde D. C. Macedo
JUSTIFICATIVA


O projeto  foi elaborado a partir de leituras que apresentavam a importância de se adequar o  ensino de língua às novas tecnologias, principalmente, a informática e a Internet. Não se pode mais negar esta junção. Os alunos hoje estão constantemente em contato com esses veículos. Utilizam as redes sociais para a comunicação entre si.  A escola precisa acompanhar esse avanço. Por isso, que se pensou neste projeto, uma ideia que nasceu após um curso de capacitação patrocinado pela Secretaria de Educação do Município de Barueri.  Os alunos montaram um roteiro de viagem para quatro pessoas, recebendo uma quantia para esse fim. Isso demandou pesquisa, montagem de texto, formatação de acordos com os programas utilizados e depois fizeram as apresentações utilizando o data show. Com isso desenvolveram várias habilidades e competências. Foi provado que é possível sim, associar teoria e prática. Não nenhum trabalho idêntico e nem puras colas. Para comprovar isso é só clicar nos projetos abaixo.

Vejam os projetos:

Projeto1

Projeto 2

Projeto 3

Projeto 4

Projeto 5

Projeto 6

Projeto 7

Projeto 8 

Projeto 9

Projeto 10

Projeto 11

sábado, 22 de setembro de 2012

Vídeo Projeto Folclore


Vídeo das apresentações de danças dos alunos do nonos anos da EMEF. Profª Dalva Fogaça, antiga EMEF. Profª Alayde D.C.Macedo. Festa de encerramento do mês do folclore, projeto coordenado pelos professores de Língua Portuguesa, José Geraldo e Luciana. Os alunos demonstraram criatividade e talento.






quinta-feira, 20 de setembro de 2012

ANJO



Não és figura de santo
E nem carregas um manto
Porém, fostes imaginado, pintado, esculpido
Por mão santas dotadas de sensibilidade
Nada disto me importa
Sei apenas que és o ser
Que me conforta
Não precisas de asas para voar
para ficar do meu lado
Basta um olhar, uma fala apenas
Emprestar os ouvidos para ouvir
As queixas, as dores, simplesmente, me escutar
O Criador na sua sabedoria
Aos homens distribuiu talentos,
criatividade, ousadia e missões
A ti, além destes atributos
Te fizeste, simplesmente anjo.

José Geraldo da Silva

RENASCER

Renascer não é simplesmente tornar a viver
É poder te ver e no brilho dos teus olhos enxergar o meu próprio ser.

José Geraldo da Silva

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

FESTA DO FOLCLORE DE 2012 DA EMEF. PROFª DALVA FOGAÇA



APRESENTAÇÃO ARTÍSTICA DOS ALUNOS DOS NONOS ANOS DA EMEF. PROFª DALVA FOGAÇA
PROJETO COORDENADO PELOS PROFESSORES  JOSÉ GERALDO E LUCIANA


DANÇA DO NORDESTE: ALUNOS DO NONO ANO A e B
 DANÇA DO NORTE: ALUNOS DO NONO ANO C

DANÇA DO SUDESTE: ALUNOS DO NONO ANO D
 DANÇA DO SUL: ALUNOS DO NONO ANO E
 DANÇA DO CENTRO OESTE: ALUNOS DO NONO ANO F
 DANÇA DA BAHIA: ALUNOS DO NONO ANO A e B
 ESTRELAS DO NONO ANO C
 ESTRELAS DO NONO ANO D
 COMUNIDADE
 NOSSA ESCOLA

No dia 31 de Agosto foi realizado o encerramento do mês do folclore com a apresentação artística dos alunos alunos do nono ano. Um projeto elaborado pelos professores de Língua Portuguesa. Contamos com a presença da comunidade representada pelos pais dos alunos. Este projeto movimentou a escola. Houve um profundo comprometimento, pois o folclore não pode ser deixado de lado, é parte de nossa cultura. A Emef, Dalva Fogaça não deixa de realizar esse trabalho, é pauta importante do calendário de atividades extracurriculares. Os alunos participantes mostraram através das danças criatividade, espírito de cooperativismo e determinação e abrilhantaram a festa de encerramento. Foram as estrelas do espetáculo. Mostraram que a escola é um espaço de criação e interatividade.

O DESABAFO DE UM APRENDIZ DA PENA

Quando escrevo não me preocupo com as rimas, com a métrica ou com a forma. Escrevo tomado pela emoção do momento. Momento que me faz pensar, sonhar, questionar, simplesmente, o o que importa é o momento. Não busco as palavras difíceis, rebuscadas e elegantes, procuro aquelas que combinam com o sentimento e a emoção. Sinto-me um atrevido quando ouso dizer que faço poesia ou que sou um poeta. Não posso me comparar a um Quintana, Vinícius ou um Drummond, sou apenas um aprendiz que conduz a pena de forma amadora, que treme ao tingir o papel com as palavras, criando apenas rabiscos. Não me preocupo se alguém irá gostar daquilo que escrevo. O que importa é, que o papel registra e imortaliza a minha emoção.O mais importante é que aprendi a amar as palavras e sua magia. Também como João Guimarães Rosa tenho a palavra como minha amante e juntos procriamos. Já escrevi sobre o amor, a solidão, o tempo, o silêncio, os sonhos e acima de tudo, sobre minha fiel companheira, a palavra. É através das linhas rabiscadas que juntos criamos e divulgamos a essência dos ser. Ser que só sobrevive porque tem como companheira a palavra, que simplesmente, revela o ser.
Obrigado mais uma vez a você minha pena que rabiscou o desabafo deste aprendiz.

                                                                                             José Geraldo da Silva            

O CANTO



Sentado num canto calado
Ouvindo de um canto qualquer
Um canto solitário
Um canto doído e abafado

Neste canto sentado calado
Sentindo a melodia do canto
Adentro para um outro canto
Para ouvir um canto aprisionado

Agora são dois cantos
Dois cantos em que me encontro calado
Num dos cantos escuto o canto abafado
No outro ouço o canto solitário

No meu canto
Me encontro com outro canto
O canto do meu desencanto
Que só consigo entender no meu canto
Ah! Que bom que no meu canto
Posso entender o meu próprio canto.

José Geraldo da Silva

terça-feira, 18 de setembro de 2012

RETRATO, APENAS RETRATO



Plantada junto ao ribeiro
Sou filha do amor do vento
Que beijou minha mãe
E levou na boca a pura semente
E num ato de amor fecundou
O ventre da mãe terra
Cresci contemplando as águas
Límpidas e espelhantes do ribeirão
Sentindo a brisa tocar meu corpo
Com beijos afagantes
Juras de amor foram feitas
Por casais amantes
Tatuaram em meu peito um coração
Eternizaram os minutos sob a minha proteção
Molharam minhas mãos 
Com as lágrimas da despedida
Hoje, porém já não contemplo o ribeirão
Assassinado pela ignorância
No seu espelho não vejo mais o meu rosto
Já não sinto mais sua fragrância
Em meio a tanta destruição
Os casais amantes
Não são mais amantes
Não precisam da minha sombra
Nem da minha cumplicidade
O meu corpo está mirrado
Torturado e desprezado
Aguardando apenas o carrasco
Cumprir minha sentença infame
Decretada pela próspera civilização
Meu último suspiro arrancar
Este é o fim de um retrato de amor
Transformado num cenário de horror.

José Geraldo da Silva

MULHER, A FLOR



Queria ser um beija-flor
Para em suas pétalas tocar
E devagarinho te beijar
Queria ser uma abelha
Para bem de mansinho
O seu néctar sugar
Queria ser um camaleão
Para em suas cores me transformar
E com ternura te amar
Mulher, para mim tu és flor
Que enfeita o meu coração
O teu eterno jardim.

José Geraldo da Silva

Fiz este poema na minha adolescência tempo que sonhar era balsamo para curar as paixões.

RECEITA DE FEITIÇO



Para se obter um feitiço
Ou ser enfeitiçado
Basta apenas esses ingredientes:
Uma porção do teu olhar
Com olhos penetrantes
Uma dose do teu sorriso
Contagiante e desejado
Uma pitada da tua cor
Formada pelos melhores corantes
Uma gota da tua essência
Da fonte transpirante do teu cheiro.
Modo de preparar:
Junte o teu olhar
Com o teu sorriso
Misture bem até pegar o ponto
Adicione a pitada de cor
Com a gota de teu perfume
E aí pronto é só aguardar
Por alguns minutos de eternidade
Então é só sentir
E ser um homem enfeitiçado
Pela mistura mais exuberante
Que é tu, meu feitiço, em forma de mulher.

                                                                                             José Geraldo da Silva

O RIO



Águas límpidas abrindo corredores
Rompendo em terras, batendo em pedras
Misturando-se em múltiplas cores
Dissolvendo-se em quedas

Encantando os olhos dos passantes
Deixando suspiros e vontade de sonhar
Formando imagens desconsertantes
Deixando nos sons que rompem no ar

A vontade de no tempo voltar
E não deixar o rio correr
Só para momentos bons recordar

Mas o rio não deixa de correr
Assim como meu coração não para de bater
Na esperança que possas voltar.

José Geraldo da Silva

POEMA DE MAR



Pensei em escrever um poema
Faltou-me inspiração para começar
Tentei escrever uma canção
Mas faltou-me emoção para cantar
Muitas coisas pensei em fazer
Muitas coisas pensei em dizer
Faltou-me coragem para fazê-las e dizê-las,
Pois em muitas coisas deixei de acreditar
Agora olhando para o azul e na imensidão
Vejo como num espelho refletido 
Como se fosse Narciso despercebido
Sem prestar atenção, sem ouvir a canção
Somente ensimesmado, calado, pasmado
Somente contido, sonhando, vislumbrando
De repente, o mar mareja, manseja
A mansidão do olhar
De repente, a canção, a emoção, a inspiração
Ah! O mar, mar dos poetas, navegantes,
Retirantes, imigrantes, mar dos amantes
Fez-me à vida voltar, fez-me ver no teu olhar
O meu próprio olhar
Devolveu-me os sonhos de navegar
E as palavras companheiras navegaram
Sem se preocupar se alguém as espera
Só se importaram em navegar
E trazer de volta a inspiração, a emoção
Para um poema declamar
Poema de mar, amar, sonhar, realizar. 


José Geraldo da Silva

GREVE NO CAMPO




Você já parou para imaginar se os animais resolvessem fazer uma greve? Por exemplo, as vacas em assembleia decidissem que não iriam mais aceitar serem ordenhadas até que recebessem o feno necessário para o seu sustento diário e que tivessem folga aos finais de semana. As galinhas não poriam mais ovos, decisão também tomada em assembleia com a presença de todos os galináceos. Isso seria um problema danado para as queridas mamães e cozinheiras de plantão.
As padarias começariam entrar em colapso, as docerias fechariam as portas, pois faltaria o leite e os ovos, produtos essenciais para os seus doces. Será que o ministério da agricultura iria ter uma participação efetiva neste episódio? Os jornais estampariam em suas páginas principais, notícias como essas: “Greve no campo atinge também setor suíno”. “As galinhas dizem que irão até as últimas penas até serem atendidas”
Imaginem, se o governo não consegue convencer os seres humanos, quiçá convenceria os animais. Faltaria diálogo. Vejam, eu só imaginei isso, é brincadeirinha tá!
                                                  José Geraldo da Silva

LINGUAGEM, DOCE LINGUAGEM




Imaginemos um mundo sem nenhum som, um vazio total. De repente, uma manifestação sonora, é o Criador agindo através da palavra. Que maravilha! Foi criada a linguagem. Não estamos falando apenas da fala, uma complexa formação sonora, estamos falando da linguagem. Começou a ser utilizada para a comunicação entre os homens, foi codificada, mais tarde decodificada. Um dia, sabe-se lá quem descobriu que usar a língua era um bom negócio, é claro, no bom sentido. Tornou-se o objeto dos poetas e românticos que queriam o amor das lindas donzelas. Daqueles que de alguma forma aspiram ao poder, ou mesmo dos ambulantes que para vender seus produtos muitas vezes a usam de forma poética e sedutora.
Sócrates, para expressar que em toda a sua existência não havia dominado todo o conhecimento, na hora de sua morte diz: “Só sei de que nada sei”, que linguagem! Ficou imortalizado. Que poder tem a linguagem, poder este que não apenas ele ficou imortalizado, mas pensadores e românticos que através da Literatura escreveram seus nomes na história. Um dia um moço de tanto pensar descobriu que “penso, logo existo”, foi assim que René Descartes criou a teoria do cogito. Com isto a linguagem cientifica teve um grande avanço.
Para finalizar, é interessante refletir sobre o pensamento de São Tiago em sua epístola, quando ele diz: “A língua é pequenina, mas pode incendiar uma floresta”. Sem dúvida, as ideias podem se propagar de tal forma que podem incendiar o mundo, tanto positivo quanto negativamente. É desta forma que conhecemos novas ideias e novos conceitos, mas o mais importante é que não deixemos que nossa linguagem encubra os nobres pensamentos e que não seja apenas uma linguagem frívola. Ah! Doce linguagem, doce Verbo Criador, que não nos fez apenas robôs, mas nos contagiou com a palavra e nos deu a mais sublime forma de expressar gratidão. A linguagem
                                                                  José Geraldo da Silva

sábado, 15 de setembro de 2012

QUANDO TE CONHECI





Hoje depois de muitos de uma jornada bem percorrida parei para pensar, como deve ter sido o momento em que me descobriu. Imagino que deve ter sido complicado, pois trazia no corpo a tenra juventude. Foram meses de expectativa, de dores e pavores, até que chegou o momento em que me conheceu.
Naquele momento decidiu me dar nome de santo, dívida que contraiu no quando suplicou aos céus para que eu pudesse conhecer a luz. Não demorou e me levou às águas do batismo, com medo de que eu me tornasse anjo errante. Mas de anjo, nada demonstrei, pelo contrário, fui sempre como dizia, um capetinha. Ah! Quantas traquinagens.
Cresci lhe admirando, porém não expressava esse sentimento. Faltou coragem. A nossa vida nem sempre foi maravilhosa, quantos dissabores. Mas você sempre esteve sempre comigo, mesmo quando ausente, estava presente. Nas minhas orações, calado apenas com o coração pedia a Deus para nunca lhe perder, pois ainda queria conhece-la melhor.
Os anos se passaram, muitas coisas lhe decepcionaram, em muitos momentos minhas atitudes magoaram você. Porém, hoje sou a realização de um sonho seu. Fiquei sabendo disso quando me revelou que eu estava realizando o seu sonho, professor me tornei, desejo seu de menina, ser professora. Ganhei de suas mãos o anel, mãos que lutaram para a realização desse sonho. Você foi mestra por excelência, pois na sua docência, aprendi a viver com decência.
O mais importante na nossa história é que só lhe conheci no momento que eu também descobri alguém, e esperei ansioso para conhecer, fruto que também é seu, pois é a matriz de tudo isso. Obrigado por eu conhecido a vida no dia em que lhe conheci.

José Geraldo da Silva

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO




Barulho ensurdecedor, correria, gente se amontoando, fotógrafos, emissoras de TV. É sempre assim quando se trata de alguma tragédia. A curiosidade, ou talvez o prazer que as pessoas têm em ver acidentes ou algum corpo estendido no chão levam a esta situação. Todos arriscavam palpites. Foi queima de arquivos, dívida de drogas, vingança. Ninguém sabia de nada. Alguns chegavam ao extremo ao dizer, por ser negro e morador do morro, coisa boa não devia ser.
O fato é que já cheirava mal, e até àquela hora as autoridades competentes não tinham tomado as devidas providências, ou seja, recolher o corpo. Não havia documentos ou algo que comprovasse a identidade do defunto. Não era de mau aspecto, tinha lá sua beleza. Talvez uns trinta anos, talvez casado, quem sabe?
De repente, no meio do tumulto alguém gritou:
- Não pode ser! Não pode ser! É meu amigo João Gostoso.
Quem seria esse tal de João Gostoso? Todos queriam ouvir o desconhecido. Ele então esclareceu os fatos.
João era seu grande amigo, morador do morro da Babilônia. Amante do carnaval e da alegria. Trazia o samba no pé e no coração, era gente da gente. O narrador desconhecido cheio de emoção e lágrimas encerrou o comentário dizendo:
- É pena que alegria de pobre dura pouco, pois João emocionado por ter passado no vestibular da UERJ em primeiro lugar, bebeu, cantou e dançou, e dançou literalmente. Pulou de tanta alegria na Lagoa Rodrigo de Freitas e cometeu um único erro, esqueceu-se de que não sabia nadar.

Crônica extraída do poema de Manuel Bandeira “Noticia de jornal”

José Geraldo da Silva



EXTRA! EXTRA!




Era o camarada mais porreta do lugar. Não havia em seu coração lugar para tristezas. Nunca o víamos chateado ou irritado com alguma coisa. Pau para toda obra, um pé-de-boi, como se costuma dizer de quem está sempre pronto para o trabalho. Às quatro horas da manhã lá estava ele cantando e fazendo pilhérias na feira-livre. Querido por todos, ganhava o seu trocado como carregador e no auxílio aos feirantes. Esse era João Gostoso, sorriso largo e amigo de todas as horas.
Porém, num belo dia, se é que se pode chamar de belo um dia como aquele. João chegou taciturno, não cantou, não sorriu. Ninguém entendeu nada do que estava acontecendo. Ficou assim a manhã toda. Do jeito que chegou, saiu. A feira sem a alegria de João não foi a mesma, sua voz não encantou, aliás, ele nem cantou. A dúvida pairava no ar, o que teria acontecido? Que bicho o havia mordido? Por que estava assim?
À noite como de costume foi até o bar Vinte de Novembro, não bebeu, não cantou e também não dançou. Será que João havia se cansado? As cabrochas não receberam o galanteio habitual, o garçom a desculpa de sempre na hora de pagar a conta. Aquela noite o bar não sorriu. João na multidão sumiu.
Extra! Extra! Encontraram o mais novo milionário da mega-sena. Essa era a noticia do dia. Quem seria esse sortudo? Era discussão do momento. O que fazer com tanto dinheiro? Essa era a preocupação de João. Havia aprendido viver com pouco, e disso fez sua alegria e razão para viver. Fez amigos, viveu amores. E agora como viver?
Assim terminou a madrugada daquela noite, sim terminou na madrugada, pois o restante da noticia estava estampada assim: “Encontraram o mais novo milionário da mega-sena morto afogado na Lagoa Rodrigo de Freitas, conhecido como João Gostoso”.
Crônica elaborada a partir da leitura do poema de Manuel Bandeira “Noticia de Jornal”.

José Geraldo da Silva


BABADINHO VERMELHO





Como em todas as fábulas infantis, esta história começa como todas as outras. Era uma vez, numa vila bem distante, que ficava no meio de uma floresta onde aconteceu a história daquele que era e deixou de ser. Babadinho era o seu nome, ou pelo menos como era conhecido, já que nas fábulas os personagens são conhecidos por seus pseudônimos. Bem, isto não vem ao caso, o que importa é que Babadinho vivia feliz, gostava de flores, borboletas e de brincar de casinha com suas amiguinhas. Futebol, nunca. Ele cresceu e se tornou um adolescente lindo, que adorava roupas coloridas, principalmente o vermelho. Usava sempre um lenço vermelho amarrado ao pescoço. Daí a alcunha de Babadinho vermelho.
Um dia, Babadinho, como todo jovenzinho, aflorou, descobriu sua identidade, assumiu o seu nome e tornou-se um garoto alegre. Resolveu então visitar sua vovozinha para contar as novidades. Organizou uma cesta com lantejoulas, purpurina, batons e CDs do quarteto ABBA e da Bárbara Streisand para presentear a velha.
Sua mãe, preocupada, lhe disse:
- Cuidado, meu bebê, pois a floresta é muito perigosa e o lobo está à solta, e a mamãe não quer que nada aconteça ao meu fofucho.
E Babadinho responde:
- Fique calma, mamy, já sou um homenzinho.
- Eu sei, bebê, é que a mamãe ainda não se acostumou com isto.
- Tchau, mamy!
- Tchau, nenê da mamãe.
Creio que os leitores tenham percebido algo estranho na nossa história. Chega de palpites e continuemos a narrar.
Babadinho adentrou na floresta cantarolando e saltitando alegremente. Até que chegou à casa da vovozinha. Estranhou que houvesse muito silêncio, pois a velha era muito festiva. Bateu, bateu na porta até que ouviu uma voz rouca.
- Entra, meu querido, a porta está aberta.
Ele então entrou e viu sua querida vovozinha deitada sobre a cama com uma cara muito estranha, e depressa foi perguntando:
Vovó, que olhos grandes e vermelhos são estes?
- São de tanto chorar, meu netinho.
- Que orelhas grandes são estas?
- É de tanto puxar, meu neném.
- Que boca grande, vovó?
- É de tanto gritar, meu filhinho.
A velha já não aguentava mais tantas perguntas e desesperada gritou:
- Pare com tantas perguntas! Estou assim de tanto sofrer, pois o lobo, aquele maldito, me abandonou para ficar com o caçador.
Babadinho, comovido com o drama, pensou, pensou. Até que teve a brilhante ideia e disse:
- Vovó, levanta, sacode a poeira e vamos para  parada gay, ela está cheia de lobos para nos devorar.
Era uma vez uma bela fábula infantil, que acabei de destruir.


                 José Geraldo da Silva  

EM PORTUGAL TEM SETE DE SETEMBRO?

      Outro dia um amigo me abordou e em tom de brincadeira me fez a seguinte pergunta: - Em Portugal tem Sete de setembro? Com certeza foi mais uma das piadas que costumam fazer com nossos patrícios lusitanos. E é claro que a minha resposta foi que sim. 
       Entretanto, esta brincadeira me levou a uma reflexão. Brincadeira ou não, ela tem sentido. Fiquei pensando no sentimento dos portugueses quando Pedro I deu o grito do Ipiranga ou foi um grito no Ipiranga? Sabemos que não havia ninguém, a não ser a sua comitiva para ouvi-lo, mas com certeza este gesto deu muito pano para manga. Nascia a nossa tão sonhada independência num sete de setembro.            Muita água rolou no riachinho do Ipiranga até que se estabelecesse aqui um novo regime de governo, a Monarquia. Os patrícios d’além-mar venderam muito caro esta nossa liberdade. Dizem que foi daí que nasceu a nossa histórica dívida externa. Não é para menos, Dar de graça quase um continente com aproximadamente oito mil quilômetros de praia, uma hidrografia invejável, sem contar a cidade maravilhosa com suas belezas, e bota beleza nisso.    
       Perderam a terra onde Caminha um dia escreveu: que tudo que nela planta, dá. Infelizmente não tem muita terra para quem de fato quer plantar. A cidade maravilhosa esconde nos morros a sua verdadeira face. E o quase continente quase duzentos anos após sua independência, ainda vive a desigualdade social e a falta de boa educação, moradia, saúde, e nos últimos dias a falta de segurança. 
        Hoje não se pode ver o riachinho do piranga, pois já foi canalizado. O grito ficou na lembrança. O sete de setembro virou data cívica, comemorada apenas por poucos, pois o feriadão pede uma praia, uma chácara. É claro, o trabalhador tem mais que se divertir do que assistir aos desfiles militares. Aliás, militar lembra também uma fase obscura da nossa história. 
     Enfim, os portugueses não têm sete de setembro para se orgulhar, porém fazem parte da comunidade europeia e estão em pleno desenvolvimento. É por isso que acredito que muitos deles saudosistas ou não devem dizer: “bendito sete de setembro!”. 
                                                                                                                           José Geraldo da Silva

A VELHA SEMPRE NOVA HISTÓRIA




Todo guri que vive na roça é tinhoso por natureza. Não era diferente com o Quim. Sua vida era muito agitada. Levantava às 5h da manhã para ajudar o seu pai na lida. Tratava das galinhas, dos porcos e limpava o curral das vacas. Isso tudo antes de ir para a escola rural. Caminhava cerca de dois quilômetros até lá. No caminho encontrava os outros guris e iam contando histórias e brincando. Ele tinha um amigo inseparável, o Miro. Estavam sempre juntos, aprontando as mais diversas traquinagens. Na sala de aula era prejuízo ficarem próximos. Inteligência não lhes faltava, esperteza nem se fala. Mesmo com essas qualidades, não eram considerados bons alunos, pelo contrário, eram tachados de alunos problemas.
            Aquela manhã foi marcante para o Quim. Estava atrasado, e pelo caminho imaginava as desculpas que daria a sua professora. Seu repertório de mentiras estava esgotado. Tinha matado vários parentes, deixado doente várias vezes, seus irmãos e pais, até o Miro entrava em suas histórias, pobre Miro, uma espécie de fiel escudeiro, um verdadeiro Sancho Pança. Admirava o amigo e aprovava tudo que este fazia. Não discordava nunca
            Chegou à sala, para sua surpresa a professora não estava. Os colegas todos sentados de cabeça baixa, inclusive o Miro. Stella a mais inteligente da turma estava com os olhos vermelhos e encharcados de lágrimas. Ficou estático, não teve coragem de perguntar.
            Depois de alguns minutos o diretor entrou na sala para dar explicações, pois corria o boato de que Dona Mariana havia morrido. Com ar solene transmitiu a dura notícia. Ela, a professora querida, não morrera, mas estava gravemente ferida, pois sofrera um acidente automoblístico e podia nunca mais se mover do pescoço para baixo. Pela primeira vez Quim sentiu vontade de chorar, seu coração de menino sentiu o golpe. Lembrou-se que no dia anterior tinha aprontado uma das suas e a professora saiu triste da sala por causa disto. Pesou em sua mente um sentimento de culpa e arrependimento. Ele gostava dela. Foram dispensados das aulas.
            A alegria saiu do ar, não brincou pelo caminho, não zombou do Miro, esse, aliás, estava taciturno, e de súbito começou a chorar. Quim não sabia o que fazer. Isso não era comum, só choravam quando se machucavam nas suas traquinagens. Pobre Miro, desmoronou. Sentados, sem saber o que dizer um para o outro, choraram juntos.
            Passou um carroceiro em direção ao sítio onde viviam e deu-lhes uma carona e perguntou porque estavam tão tristes. Contaram a história, o que havia acontecido com a professora e a sua situação, ficar tetraplégica. O carroceiro não falou mais nada, pois Dona Mariana fora a sua primeira professora. Desceram da carroça e cada um foi para sua casa levando a sua dor.
            Meses se passaram, uma substituta ocupou o lugar de Dona Mariana, mas não ocupou o seu lugar no coração dos alunos. O Quim já não brincava mais, não aprontava, vivia o tempo todo calado. O acidente da professora causara um impacto profundo em sua vida. As noticias não eram boas, realmente ela fora parar numa cadeira de rodas e tinha agora sua vida limitada e para viver dependia das outras pessoas. Muitos alunos foram visitar a mestra, menos o Quim e o Miro. O Miro porque seguia os passos do amigo, ainda não havia se desprendido.
            Quim não tinha coragem e visita-la, pois a entristecera muito com suas atitudes. Tinha receio dela não aceitar sua visita. O fim do ano chegou, as aulas terminaram e cada um foi curtir suas férias e as festas natalinas. Mas antes disto todos os alunos da turma de Dona Mariana foram visita-la. Ele não foi, pediu ao Miro que fosse e entregasse a ela uma carta. Ela ficou muito feliz em ver os seus pupilos. Foi difícil conter as lágrimas. Olhou e reparou que o seu aluno arteiro não estava com o grupo e perguntou por ele. Miro lhe disse que o amigo estava envergonhado e não tinha coragem de vê-la, por isso mandou uma carta.
            Sua filha mais nova buscou rapidamente seus óculos, abriu o simples envelope e posicionou a carta diante de seus olhos. Uma lágrima, depois outra. Silencio. Lágrimas corriam de seus olhos.
            “- Querida professora,
            Sei que a senhora se aborreceu muito comigo. Não fui um bom aluno. A senhora pode num acreditá, mas faz muita falta pra mim. Tudo que a senhora falava nas aula, ficô guardado na minha cabeça e depois do seu acidente saltaram diante de mim como uma lebre. Isso me fez muda bastante. Num fiz mais bagunça, num falei palavrão. Tirei boas nota. Pena que a senhora não pode vê.
            Todos os dia eu rezo pro papai do céu curá a senhora. Me perdoa e desculpa os meu erros de português.
            Ti amo.
                                                                                             Joaquim dos Santos”
            Um silêncio pairou no ar. Ninguém por minutos disse sequer uma palavra. De repente a velha professora olhando para todos naquela sala, com uma voz doce misturada com emoção disse:
            - Tinha dezoito anos quando fiz o meu juramento em relação ao magistério. Prometi que iria exercer minha profissão com amor, respeito e ética. Sempre acreditei no meu papel. Muitas gerações de meninos e meninas passaram pelas minhas mãos. Muitos tornaram-se pessoas honradas e bem-sucedidas. Hoje ao ler esta carta tive a certeza de que sempre estive certa. As palavras têm poder e a educação é o caminho para a transformação de uma sociedade. Quero ver o Quim para dizer-lhe que valeu a pena.
            Dias depois, lá estava ele. Aproximou-se da sala cabisbaixo, com vergonha. Ficou aguardando a chegada de sua mestra, até que alguém empurrando a cadeira de rodas a deixou a sós com ele. Com ternura na voz e um rosto de fada lhe disse:
            - Querido, venha até aqui e me dê um beijo.
            Numa atitude de reverência prostrou-se diante dela, beijou-lhe as mãos imóveis e seu rosto banhado pelas lágrimas. Com muita dificuldade soltou a voz dizendo:
            - Pro...professora, me perdoa por não ter sido um bom aluno, pelas tristezas que lhe causei.
            - Não precisa pedir perdão. Respondeu ela. Só quero que me prometa que estudará bastante para se tornar um grande doutor.
            - prometo.
            Antes de sair deu-lhe uma toalhinha que fora bordada por sua mãe, onde estava escrito. “Eu te amo, mestra querida”. Com a qual a professora enxugou as lágrimas.
            Anos se passaram e o menino Quim tornou-se homem, formou se em Direito e no dia de sua formatura fez o discurso, e no fim, após todos os agradecimentos, com a voz embargada lembrou-se de Dona Mariana e disse:
            - Convivi com um anjo, que na mais profunda dor me ensinou uma grande lição. Hoje estou cumprindo a promessa que lhe fiz. Dona Mariana a senhora foi o meu grande referencial, sou mais um que foi transformado por suas sábias palavras. Muito obrigado.
            A plateia inteira aplaudiu o gesto do futuro Dr. Joaquim dos Santos, hoje juiz de Direito, inclusive o Dr. Waldomiro Moraes de Castro, aquele que sempre fora o fiel escudeiro do amigo, o menino Miro.

Autor: José Geraldo da Silva
                                                 
                                                           :

O ENCONTRO DO DESENCONTRO




Sentado em um banco da estação ferroviária estava Isaque. Ali sentado, observava a paisagem enquanto esperava a chegada do trem. Eram três horas da tarde, e o tempo estava agradável. O vento suave batia no rosto de Isaque, e com ele vinham as lembranças da doce Rebeca, sua amada. Sua chegada estava marcada para as quatro horas, mas ele, como bom mineiro, sempre chegava adiantado.
Enquanto aguardava a chegada, olhava as pombas que voavam pela estação e se alimentavam das migalhas que ficavam nos trilhos. Observava os casais que passeavam pela praça, do outro lado da estação, e com isso, a saudade aumentava cada vez mais, e exclamava consigo mesmo:
Eta trem danado sô! Que num chega logo.
O tempo foi passando e a ansiedade foi aumentando. Não conseguia mais ficar sentado. Então começou a andar de uma ponta a outra da estação. Perguntava ao chefe da estação as horas, e ficava ainda mais nervoso, pois duas horas já haviam passado do horário da chegada do trem. Anoiteceu, e a lua charmosa apareceu no céu estrelado como estrela principal do espetáculo. O coração de Isaque estava apertado e sua mente perturbada. Pensamentos tristes lhe vinham à mente e mais uma vez exclamou:
- Trem danado, tá cortando meu coração!
Cansado da espera, adormeceu. Com o sono vieram os sonhos atormentadores. Por último, sonhou que Rebeca o havia traído, por isso não chegara. De repente, um apito quebrou o silêncio do ar. Um barulho tremendo preencheu o lugar. Isaque acordou assustado, com o sonho na cabeça e lagrimas nos olhos da desilusão. Então, olhou, olhou e viu a doce Rebeca desembarcar do trem. Correu ao seu encontro e disse:
- Por que oçê demoro tanto? Achei que oçê tinha me abandonado.
Ela respondeu, com um sorriso maroto:
- Eu num avisei na carta que o trem ia chegar às quatro da manhã?
Isaque disfarçou, envergonhado beijou a amada e pensou: “É por isso que dizem que mineiro nunca perde o trem”.
Foi exatamente um encontro do desencontro.
     José Geraldo da Silva