Educação no século XXI não pode ser vista com uma mentalidade retrógrada, com
um pensamento que infelizmente ainda ecoa nos ambientes escolares de que a
escola de antigamente era melhor. O processo educativo no Brasil passou por
transformações profundas no final do século XX e continua evoluindo no presente
século, principalmente no que se refere ao ensino de Língua Portuguesa. Porém
são muitos os desafios. As discussões que foram realizadas no fórum de debates
apresentaram um fato em comum: a escola está na contramão da história. Em pleno
mundo globalizado ainda se vê praticas pedagógicas pautadas em modelos
ultrapassados e visão celetista e excludente. Hoje se recebe alunos de todas as
camadas sociais e com eles chegam à escola uma enorme variedade cultural.
Essa
nova clientela é formada por jovens e adolescentes com um perfil bem diferente.
A estrutura familiar é outra, na maioria são oriundos de famílias que são
dirigidas pelas mães, ou seja, mulheres que cada vez mais estão inseridas no
mercado de trabalho para sustentar suas famílias. São filhos de casais
separados, ou até mesmo sem famílias. Percebe-se que a escola não está
preparada para lidar com essa nova realidade. Isso acaba por gerar conflitos e
conforme Fanfani os jovens e adolescentes ingressam em uma instituição que não
foi feita para eles e, que, portanto, não cumpre nenhuma função em seus
projetos de vida. A escola torna-se um ambiente de exclusão que acaba por não
cumprir o seu papel mais importante que é o de formar um cidadão crítico e
participativo.
Hoje
com a globalização é impossível separar o mundo da vida do mundo da escola. (Fanfani
2000). Torna-se impossível fazer essa separação, visto que as informações
chegam às pessoas em frações de segundo. O avanço tecnológico é cada vez maior
e os jovens e adolescentes estão tendo contato direto com esses novos produtos.
A internet conecta as pessoas ao mundo através das redes sociais. Os alunos
trazem essas tecnologias para dentro da escola que os proíbe de utilizá-las.
Não se concebe uma educação à margem destas transformações. Os professores
precisam se apropriar de recursos para atender esse novo desafio. É claro o
pensamento de Fanfani de que a família que a escola espera e quer não é a
família das novas gerações, portanto não dá para ficar alheio a esse novo
processo educacional.
A
partir destas considerações iniciais, como fica o ensino de Língua Portuguesa.
Se a escola não é mais a mesma do passado, que os jovens e adolescentes que
ingressam também não são mais os mesmos e suas famílias têm um novo perfil?
Como enfrentar essa nova realidade e criar um ambiente aprendente? Realmente, são questões complexas. Crianças
chegam à escola sabendo manusear equipamentos eletrônicos sem serem
alfabetizadas, com no mínimo cinco mil horas de televisão na cabeça, e acabam
por encontrar um ambiente antiquado que não atende às suas necessidades. A
resposta mais sensata a estes questionamento é de que todos os atores
envolvidos no processo de ensino da língua entendam que a mudança é inevitável,
e que adequar a prática pedagógica utilizando as novas tecnologias é sem
dúvida, criar na escola um espaço muito mais produtivo e sedutor, pois “os
novos cidadãos que estamos formando necessitam saber ler e interpretar o que
veem e, também, produzir e expressar-se em meio audiovisual” (Monteiro e Feldman,
2001.p.41).
Aliar
as novas tecnologias a um projeto de ensino é propiciar ao aluno um universo de
informações para a construção de seu conhecimento. A utilização de ferramentas,
como a internet possibilitará melhores condições para a pesquisa e sociabilização.
Utilizar o computador para a produção de textos é dar condições para que os
jovens e adolescentes possam rever e corrigir o que eles escreveram se
apropriando dos recursos oferecidos pelos programas utilizados, e assim
oportunizar a apreensão da autonomia no uso efetivo da língua como meio de
interação social. O professor nesse processo deve atuar como um mediador, pois
o modelo do detentor de conhecimento não é compatível com a nova realidade da
educação. Mas para isso ele deve estar bem capacitado e investir em sua
formação para atender essa nova demanda.
Para
Pierre Levy (1993, p.7) “escrita, leitura, visão, audição, criação,
aprendizagem são capturadas por uma informática cada vez mais avançada”. Isso
quer dizer que não há mais espaço para uma visão de ensino em que não se
aproprie desses avanços da modernidade. O ensino de Língua Portuguesa deve
estar atrelado a essa nova realidade. A
escola deve ser um espaço de respeito as diversidades que se criam num mundo
globalizado. Esperar que os jovens e adolescentes de hoje pensem como os de
trinta anos atrás é acreditar em uma educação que não atende as necessidades da
sociedade moderna. Não dá mais para conceber uma escola excludente, celetista,
mas sim uma em que o novo seja recebido sem nenhum preconceito. Que todas as
tribos tenham espaço para aprender, que sejam respeitadas as diferenças. E por
fim que o ensino de Língua Portuguesa deixe de ser preconceituoso se aproprie
das diversidades culturais para a formação de um sujeito atuante e senhor de
seu tempo.
BIBLIOGRAFIA
FANFANI,
Emilio Tenti. Escola jovem: um novo olhar sobre o ensino médio. Organizado pelo
Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.Coordenação-
Geral de Ensino Médio. Brasília. De 7 a 9 de junho de 2000.
LEVY,
P. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Ed.34, 1995.
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