terça-feira, 2 de outubro de 2012

OS DESAFIOS QUE A VIDA CONTEMPORÂNEA COLOCA PARA AS PRÁTICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA

Educação no século XXI não pode ser vista com uma mentalidade retrógrada, com um pensamento que infelizmente ainda ecoa nos ambientes escolares de que a escola de antigamente era melhor. O processo educativo no Brasil passou por transformações profundas no final do século XX e continua evoluindo no presente século, principalmente no que se refere ao ensino de Língua Portuguesa. Porém são muitos os desafios. As discussões que foram realizadas no fórum de debates apresentaram um fato em comum: a escola está na contramão da história. Em pleno mundo globalizado ainda se vê praticas pedagógicas pautadas em modelos ultrapassados e visão celetista e excludente. Hoje se recebe alunos de todas as camadas sociais e com eles chegam à escola uma enorme variedade cultural.
Essa nova clientela é formada por jovens e adolescentes com um perfil bem diferente. A estrutura familiar é outra, na maioria são oriundos de famílias que são dirigidas pelas mães, ou seja, mulheres que cada vez mais estão inseridas no mercado de trabalho para sustentar suas famílias. São filhos de casais separados, ou até mesmo sem famílias. Percebe-se que a escola não está preparada para lidar com essa nova realidade. Isso acaba por gerar conflitos e conforme Fanfani os jovens e adolescentes ingressam em uma instituição que não foi feita para eles e, que, portanto, não cumpre nenhuma função em seus projetos de vida. A escola torna-se um ambiente de exclusão que acaba por não cumprir o seu papel mais importante que é o de formar um cidadão crítico e participativo.
Hoje com a globalização é impossível separar o mundo da vida do mundo da escola. (Fanfani 2000). Torna-se impossível fazer essa separação, visto que as informações chegam às pessoas em frações de segundo. O avanço tecnológico é cada vez maior e os jovens e adolescentes estão tendo contato direto com esses novos produtos. A internet conecta as pessoas ao mundo através das redes sociais. Os alunos trazem essas tecnologias para dentro da escola que os proíbe de utilizá-las. Não se concebe uma educação à margem destas transformações. Os professores precisam se apropriar de recursos para atender esse novo desafio. É claro o pensamento de Fanfani de que a família que a escola espera e quer não é a família das novas gerações, portanto não dá para ficar alheio a esse novo processo educacional.
A partir destas considerações iniciais, como fica o ensino de Língua Portuguesa. Se a escola não é mais a mesma do passado, que os jovens e adolescentes que ingressam também não são mais os mesmos e suas famílias têm um novo perfil? Como enfrentar essa nova realidade e criar um ambiente aprendente?  Realmente, são questões complexas. Crianças chegam à escola sabendo manusear equipamentos eletrônicos sem serem alfabetizadas, com no mínimo cinco mil horas de televisão na cabeça, e acabam por encontrar um ambiente antiquado que não atende às suas necessidades. A resposta mais sensata a estes questionamento é de que todos os atores envolvidos no processo de ensino da língua entendam que a mudança é inevitável, e que adequar a prática pedagógica utilizando as novas tecnologias é sem dúvida, criar na escola um espaço muito mais produtivo e sedutor, pois “os novos cidadãos que estamos formando necessitam saber ler e interpretar o que veem e, também, produzir e expressar-se em meio audiovisual” (Monteiro e Feldman, 2001.p.41).
Aliar as novas tecnologias a um projeto de ensino é propiciar ao aluno um universo de informações para a construção de seu conhecimento. A utilização de ferramentas, como a internet possibilitará melhores condições para a pesquisa e sociabilização. Utilizar o computador para a produção de textos é dar condições para que os jovens e adolescentes possam rever e corrigir o que eles escreveram se apropriando dos recursos oferecidos pelos programas utilizados, e assim oportunizar a apreensão da autonomia no uso efetivo da língua como meio de interação social. O professor nesse processo deve atuar como um mediador, pois o modelo do detentor de conhecimento não é compatível com a nova realidade da educação. Mas para isso ele deve estar bem capacitado e investir em sua formação para atender essa nova demanda.
Para Pierre Levy (1993, p.7) “escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são capturadas por uma informática cada vez mais avançada”. Isso quer dizer que não há mais espaço para uma visão de ensino em que não se aproprie desses avanços da modernidade. O ensino de Língua Portuguesa deve estar atrelado a essa nova realidade.  A escola deve ser um espaço de respeito as diversidades que se criam num mundo globalizado. Esperar que os jovens e adolescentes de hoje pensem como os de trinta anos atrás é acreditar em uma educação que não atende as necessidades da sociedade moderna. Não dá mais para conceber uma escola excludente, celetista, mas sim uma em que o novo seja recebido sem nenhum preconceito. Que todas as tribos tenham espaço para aprender, que sejam respeitadas as diferenças. E por fim que o ensino de Língua Portuguesa deixe de ser preconceituoso se aproprie das diversidades culturais para a formação de um sujeito atuante e senhor de seu tempo.

                                                                                       José Geraldo da Silva

BIBLIOGRAFIA

FANFANI, Emilio Tenti. Escola jovem: um novo olhar sobre o ensino médio. Organizado pelo Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.Coordenação- Geral de Ensino Médio. Brasília. De 7 a 9 de junho de 2000.

LEVY, P. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Ed.34, 1995.

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