terça-feira, 2 de outubro de 2012

Ensino de Português: origens das práticas e necessidades dos alunos hoje.

O ensino de Língua Portuguesa no país passou por várias fases até chegar ao que se observa hoje. Sabe-se que essa trajetória foi complexa, pois a história mostra que até o decreto do Marques de Pombal, se falava no Brasil a língua geral que era a mistura do português com as línguas indígenas. É a partir daí que se começa o ensino da Língua Portuguesa efetivamente.
Mas é no século dezenove com a vinda da família real que as coisas realmente começam a mudar. Com a criação de cursos superiores e a fundação de órgãos de imprensa, a língua portuguesa se firma no território brasileiro, porém o seu ensino ainda é relegado ao segundo plano porque se valoriza o ensino das chamadas línguas clássicas.
            Com a fundação do colégio Pedro II, que foi o padrão de ensino por aqui, que o ensino da língua materna passou a evoluir, porém ainda observada como caráter propedêutico, ou seja, a preparação para o ingresso nos cursos superiores. Até o século XX era assim que era encarado o ensino de português. É a partir da década de 40 que as coisas realmente se alicerçam, pois a literatura nacional passa a fazer parte da grade curricular.
O que é importante de se observar que mesmo sendo efetivado na grade curricular como disciplina obrigatória o ensino de português privilegia o estudo das antologias nacionais como base para o ensino da gramática, baseada nos clássicos da Literatura Portuguesa. No ensino da língua predominava o estudo da gramática e dos padrões normativos, não se trabalhava a produção de textos como produtos sociocomunicativos e sim, apenas como o texto bem escrito de acordo com a norma prescritiva padrão, esta ditada pelos clássicos.
Por muito tempo o ensino da língua esteve atrelado ao estudo da gramática, conhecê-la era fundamental par o ingresso nas universidades. Nas avaliações e exames eram cobrados os conhecimentos gramaticais. Os alunos a estudavam trabalhando com frases soltas e descontextualizadas. A produção de texto para ser considerada ideal, precisava estar bem estruturada sintaticamente e de acordo com as regras de ortografia. Foi assim por muito tempo o ensino de português.
A partir da década de oitenta com as contribuições da sociolinguística as coisas começaram a mudar, pois o texto como produto de comunicação passou a ser evidenciado nas praticas de ensino da língua. Já nos anos noventa, o trabalho com os gêneros do discurso começam a tomar consistência, e há uma significante mudança na forma de se trabalhar as aulas de português. Os PCNs de Língua Portuguesa priorizam o trabalho com textos em sala de aula, e com isso a necessidade de se trabalhar os gêneros discursivos e textuais.
Hoje de acordo com o currículo do Estado de São Paulo é necessário saber lidar com os textos nas diversas situações de interação social. Essa mesma proposta declara que o nível de letramento é determinado pela variedade de gêneros textuais que criança ou o adulto reconhecem. Então o texto passa a ser o foco de atenção no ensino de português. Neste novo conceito de se trabalhar a língua não se concebe trabalhar a literatura de maneira estanque, apenas do ponto de vista histórico e de autores consagrados, mas sim, língua e literatura integradas numa mesma prática, que valoriza o aspecto social e comunicativo do texto.
Portanto, as práticas de ensino do passado deram lugar a práticas que priorizam a comunicação e as relações sociointerativas, e para isso trabalhar o texto como fator sociocomunicativo, privilegiando a leitura e produção de textos nos mais diversos gêneros é fundamental para a construção do saber linguístico. A Gramática não pode ser mais ensinada como uma disciplina à parte da língua, e sim a partir da necessidade estrutural de cada gênero.
O aluno hoje precisa aprender usar de forma eficiente os mecanismos da língua para suas atividades sociais, ou seja, a língua deve servir como instrumento de inserção e não de exclusão social. O estudo da Língua Portuguesa não deve ser visto apenas como uma disciplina de caráter propedêutico, mas sim como instrumento de comunicação social, pois ela não é estática, é dinâmica e como tal acompanha as transformações sociais de seu tempo.
                                                                                    José Geraldo da Silva

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