Um
velho ancião no alto de uma pedra conta aos seus discípulos uma triste
história:
Tudo
começou com a nefasta sentença do mago Festos, que encarcerou em uma redoma a
joia mais rara do rei Petros. Rei este que ostentava riqueza e luxo. Sua
arrogância foi a causa de seu drama. Por ser poderoso achou que podia desafiar o poder do soberano da floresta. Sua ousadia custou caro. Por isso o mago o
sentenciou:
-
Porque ousaste a me desafiar Petros, transformarei o seu reino em ruínas e
junto com ele toda a sua corte se tornará amaldiçoada, e todos os seus membros
se transformarão em seres desprezíveis.
-
Não, não! Imploro-te grande Festos, por favor, não!
- É
tarde demais, a sua arrogância te levará à ruína. E tem mais, transformarei a
sua linda filha Katherina numa figura de cera e a colocarei numa redoma, e sua
beleza só poderá ser contemplada à noite, pois a luz e o calor do dia a matarão.
- Eu
te imploro mais uma vez! Minha filha não, ela não tem culpa pelos meus erros. É
o bem mais precioso que tenho. Faça o que quiser comigo, pode me destruir, mas
poupe a criança.
-
Isso não será possível, a sentença já foi dada. Ela estará cercada por espinhos
venenosos e quem tocá-los morrerá.
-
Não, não, eu não suportarei isso. Ver minha filha aprisionada, sentenciada a
viver apenas algumas horas, sem poder sair de sua prisão, sem eu poder tocá-la.
-
Será assim, a única coisa que permitirei é que a visite, mas nem ouse tocá-la.
O
rei Petros caiu em desespero e chorou sua tragédia. Atordoado correu para tentar
salvar sua filha, mas já era tarde demais. Seu reino estava em trevas, sua
corte transformada em seres estranhos. Seu fiel escudeiro em uma mistura de
sapo e homem lhe gritava:
-
Rei, meu rei, que desgraça foi essa. Venha ver no meio do pátio do palácio há
uma redoma em forma de botão de rosa.
-
Então é real. Disse Petros.
-
Real, o quê meu senhor?
- Boris,
fui sentenciado por Festo o mago das florestas. Tudo o que aconteceu foi por
minha culpa. Minha pobre filha está aprisionada para sempre.
A
aparência de Petros também mudou, seu corpo esguio ficou curvado, seus cabelos
ficaram brancos e seu rosto envelheceu brutalmente. A roupa de gala foi
transformada em farrapos. Rei e conselheiro choraram juntos o drama.
Anos
se passaram e o sofrimento de Petros aumentava cada vez mais.
-
Venha Boris, está escurecendo, precisamos levar água para a rosa.
-
Sim meu senhor.
Era
sempre a mesma coisa. Petros com uma vara, que continha uma caneca na ponta,
oferecia água para a moça, pois não podia tocá-la por causa dos espinhos.
-
Beba minha querida.
-
Obrigada pelo carinho, meu senhor.
Enquanto
este ritual noturno acontecia, a corte do rei Petros contemplava a beleza e o
brilho da rosa que iluminava todo o lugar. Todos dançavam, cantavam em louvor à
beleza, até a aurora. Isso era o alento para as suas dores.
Quando
a alva ia surgindo tudo silenciava e Petros se despedia da filha contendo suas
lágrimas.
-
Meu senhor, por que todas as noites me traz água e fica me velando como se
fosse o meu guardião? Por que tanta dedicação? Perguntou isso, porque não
reconhecia o pai por causa de sua transformação física.
Petros
num instante de silêncio fúnebre pensa o que responder.
- É
porque amo a beleza, é só por isso. Por favor, tenho que ir, o dia já está
nascendo.
Neste
instante a rosa começa a se fechar.
-
Ei, ei, por que não posso sair daqui? Por que vivo nesta redoma cercada por
espinhos? Alguém, por favor, me responda?
O
pobre moribundo sai em lágrimas para o seu esconderijo.
-
Meu senhor, meu senhor não fique assim, havemos de achar uma forma de anular a
sentença de Festos.
- Boris,
muitos anos se passaram e estamos aqui, vivendo
às escondidas. Festos não quer me ouvir, não consigo chegar nem perto de seu templo.
às escondidas. Festos não quer me ouvir, não consigo chegar nem perto de seu templo.
- E
se procurarmos Morgana, quem sabe ela nos ajude.
Morgana
era a rainha das bruxas da floresta encantada.
-
Como chegaremos até ela com essas aparências?
-
Acharemos um jeito, acharemos.
E lá
foram os dois para os seus esconderijos.
Petros
criou coragem e foi procurar por Morgana. Era sua última esperança. Havia uma
rusga entre Festos e Morgana, por isso o rei ficou animado em procura-la.
-
Minha senhora têm duas criaturas esquisitas querendo lhe falar. Disse Fenícia,
uma bruxinha.
-
Criaturas esquisitas! Sabe que não costumo falar com estranhos, principalmente
criaturas esquisitas.
-
Mas eles insistem!
Morgana
tinha os cabelos vermelhos como fogo, sua beleza era estonteante. Porém toda
essa magnitude escondia alguém muito temperamental e um segredo. Ela contava
com três assistentes, Fenícia, Magda e Raissa.
-
Raissa vá até a floresta me buscar ervas para uma porção.
-
Sim minha senhora, irei imediatamente.
Quando
Raissa saiu, Petros a abordou dizendo:
-
Por favor, me ajude!
-
Quem és tu criatura, e quem é esse ser esquisito que está do seu lado?
- Eu
sou Petros e esse é Boris meu fiel amigo.
-
Não me lembro de tê-lo conhecido criatura.
-
Talvez tenha conhecido a minha história, mas, por favor, me ajude!
- E
o que quer que eu faça?
-
Preciso falar com Morgana, me leve até ela.
-
Não posso minha senhora não atende estranhos, e não me perdoará por
desobedece-la. Sinto muito.
A
moça saiu para cumprir a tarefa que lhe fora dada cantarolando.
-
Vamos embora meu senhor, não adianta.
-
Daqui não saio Boris.
Neste
instante Magda sai para o jardim para colher flores. Ela das três assistentes
era a que tinha o coração mais bondoso. Era uma linda moça, cabelos dourados e
cacheados, um rosto angelical em forma de bruxa.
-
Veja Boris, veja, vamos falar com aquela moça.
-
Vamos embora, não adianta.
-
Não, não, eu irei até ela, tenho a impressão de que ela vai nos ajudar.
-
Senhor, para que tanta humilhação?
- É
por amor, Boris, por amor.
-
Ei, ei, moça! Por favor, me ajude!
-
Quem és tu criatura esquisita?
-
Sou Petros e preciso de sua ajuda.
-
Por que eu deveria te ajudar?
- Eu
preciso falar com Morgana.
-
Impossível!
-
Por favor!
-
Olha aqui, minha senhora é muito ocupada, não recebe estranhos, e se eu leva-lo
até ela serei punida por desobediência, e não quero sofrer nenhuma punição.
- Eu
te imploro, se soubesse a minha dor. Tenho uma filha, uma única filha, meu
maior bem. Ela está aprisionada por causa de uma sentença nefasta.
Petros
chorou como nunca houvera chorado. O coração de Magda foi contagiado pela
emoção.
-
Não faça isso, não aguento ver ninguém chorando. Eu não devia ter esses
sentimentos, pois quero ser uma grande bruxa, e bruxas não podem ter o coração
mole. Pare com isso.
-
Estou desesperado, preciso de ajuda para libertar minha filha e Morgana é minha
última esperança.
-
Fique calmo, não se desespere, verei o que posso fazer. Não saia daqui até que
eu volte.
Magda
voltou para dentro da casa e ficou pensando como poderia ajudar o pobre homem.
Passado algum tempo ela voltou para o jardim.
-
Ei, ei, onde está você? Pode aparecer.
-
Estou aqui atrás desta pedra.
-
Saia daí para conversarmos. Volte amanhã à meia noite, estaremos dançando na
floresta em homenagem à lua. Traga um presente e entre no meio da dança, assim
ela te verá e não terá como negar uma conversa, mas traga um presente, minha
senhora é muito vaidosa.
-
Até logo, você não sabe o bem que me faz.
-
Não precisa me abraçar, nem me tocar, já cedi demais. Agora vá!
Petros
cumpria o seu ritual noturno, só que desta vez com pressa, pois precisava ir ao
encontro de Morgana.
-
Beba minha querida.
-
Por que tanta pressa meu senhor?
-
Preciso resolver nossas vidas.
-
Como assim nossas vidas?
-
Logo você entenderá.
-
Fique mais um pouco, gosto de sua companhia.
- Em
breve teremos muito tempo juntos.
-
Não estou entendendo esta conversa. Não vá, me diga o que isto significa?
-
Ainda não! Vamos embora Boris, antes que dê meia noite.
-
Meu senhor estou com a joia que conseguiu esconder.
-
Sim, meu caro, este será o presente para a bruxa.
A
floresta estava tão iluminada pelo clarão da lua e da enorme fogueira. Bruxas e
seres encantados dançavam ao redor do fogo. Assim os dois entraram no meio da
festa e alegres dançavam.
-
Parem! Parem! Bradou Morgana.
-
Quem são estes estranhos que ousaram invadir a minha festa? Quem são? quem
permitiu que entrassem?
Um
silêncio pairou no ar
-
Foi eu minha senhora. Disse Magda. Foi eu quem permitiu.
-
Tinha que ser o coração mole. Interpelou Raissa.
-
Ela tem que ser punida senhora. Falou Fenícia.
- É
sim, é sim. Disse Raissa. Esses dois me incomodaram para que eu os trouxesse à
sua presença. Disse-lhes que não. Ela tem que ser punida. Não pode ser uma de
nós.
-
Minha senhora, apenas segui meu coração.
Morgana
enraivecida lhe responde:
-
Nós bruxas não seguimos nossos corações, você sabe bem disto. Por isso será
expulsa do nosso grupo.
-
Não, não, por favor, não!
-
Ei, minha senhora quem deve ser punido sou eu, se é que ainda há pior castigo
do que o que vivo.
-
Quem és tu criatura, para ousar falar comigo?
-
Sou Petros de Esmirna
-
Petros, Petros! O quê? O rei Petros, não pode ser! Eu conheci Petros, não era
essa criatura horrenda. Não pode ser!
-
Sou sim, minha senhora. Fui amaldiçoado por Festos. E esse que está comigo é
Boris, meu fiel conselheiro.
-
Não pode ser! Boris o sábio.
-
Sou sim, minha senhora.
-
Féstos, sempre Festos. O mago mais vaidoso que já conheci. Não aceita que
ninguém o contrarie. Eu o conheço muito bem, e como conheço. Aquele ladrão de
corações. Chega de saudosismo. Por que acha que posso ajuda-lo?
- É
a minha última esperança. Fiquei sabendo que a senhora tem certas diferenças
com ele.
-
Não permito que toques em coisas da minha vida íntima. Cale-se.
-
Não queria aborrecê-la, me desculpe. Sou um pai desesperado que só pode ver a
filha à noite, pois está aprisionada numa redoma em forma de botão de rosas,
que só abre à noite, e está cercada de espinhos venenosos, e, além disso, ela
foi transformada em cera, não pode receber a luz do dia. Todo o meu reino tornou-se
ruínas e minha corte transformada em seres estranhos.
- Ah
Festos! Sua mágoa o tornou perverso em suas sentenças. Embora você não ter sido
boa bisca, ele exagerou na dose. Por causa de uma história do passado, que
precisa ser resolvida vou te ajudar, Petros, só por isso. Magda venha cá! Já
que ousou me desobedecer terá uma missão, acompanhar o rei na sua procura, pois
tem o coração bondoso. Petros você irá até a caverna dos morcegos que está no
vale, lá encontrará um jovem, ele será a solução para vencer a maldição.
-
Quem é esse jovem?
- É
ele que te ajudará. Não deixe que Festos saiba disto, pois seria algo terrível.
-
Minha senhora, os olhos de Festos estão em todos os lugares. Ele tem espiões
por todos os cantos. Somente no teu mundo ele não pode entrar. Como farei isso
sem ele saber?
- Eu
não disse que seria fácil, disse? Por isso Magda irá com você, ela tem poderes
mágicos, isso lhes ajudará. Quando encontrar o jovem leve-o até o botão de
rosas. Somente ele pode tocá-la para quebrar o encanto. Proteja-o com tua vida.
O ódio de Festos será quebrado, pois duas maldições serão quebradas quando ele
tocar a rosa.
-
Obrigado, obrigado minha senhora.
-
Não me agradeça estou corrigindo um erro do passado. Agora ande, vá sem demora.
-
Sim, sim, vamos.
Antes
de sair o rei entregou a joia que havia levado de presente para Morgana.
Morgana
recebe o presente e fica pensativa. O silêncio foi interrompido por Fenícia,
que perguntou:
-
Senhora, por que quis ajudar este ser desprezível?
- No
passado eu era uma moça sonhadora, conheci um belo rapaz, cheio de encantos e
sedução, um aprendiz de mago. Nos apaixonamos, vivemos uma grande paixão. Porém
fomos vítimas de intrigas e mentiras, e alguém disse a Festos que eu o traia. O
ciúmes o cegou, ele nunca me perdoou, e nem aceitou o fruto que estava no meu
ventre, pois não acreditava na minha inocência, me julgou, não confiou no meu
amor.
-
Que triste, minha senhora. Falou Raissa.
- O
pior foi a maldade que ele cometeu, me roubou a criança, seu próprio filho e o
colocou em uma caverna. Deixando lá para vigiá-la uma criatura estranha, uma
espécie de homem morcego, horrível. Nunca mais pude ver meu filho.
Morgana
que nunca havia demonstrado sentimentos de emoção perto de suas assistentes,
naquela noite chorou.
- Ele
nunca aceitou. Ele nunca acreditou no meu amor, me tirou a última lembrança boa
do nosso amor. Desgraçado Festos! E o pior, fiquei sabendo que o menino ficou
cego, por viver na escuridão. Que horror, que desgraça!
-
Não fique assim senhora. Bradaram as moças.
Magda
acompanhava os dois seres até a caverna e para que não fossem reconhecidos,
transformou-os em dois grilos e os colocou em uma caixinha.
-
Fiquem ai quietos até chegarmos à caverna, lá os soltarei para que entrem, e
quando entrarem vocês tornarão às suas formas, e tirem o moço de lá.
Entenderam?
-
Quem se aproxima? Disse a criatura horrível, Chamado Nefistos.
- Responda,
senão eu vou te atacar e sugar todo o teu sangue e transformá-lo numa criatura
das trevas.
-
Sou eu, sou eu, Magda. Não precisa ficar preocupado. Vim apenas conversar com
você.
- Eu
não te conheço, não quero conversa com ninguém. Meu mestre me proibiu disto.
Magda
estava atrás de uma pedra aguardando o momento certo para aparecer.
- Eu
não acredito que você não queira falar comigo.
-
Festos não permite isso, sou o guardião da caverna.
De
repente, Magda aparece, sua beleza encanta a fera.
- Oh
raios! Que beleza.
A
fera foi encantada, ficou sem palavras.
-
Vim conhecer o famoso guardião, ouvi muito a teu respeito.
- a
meu respeito?
-
Sim, que é obediente, forte e corajoso.
Neste
instante sem que a fera percebesse, solta os grilos e eles entram na caverna.
-
Ninguém nunca se aproximou de mim, sempre correram.
- É
que eles não sabem a pessoa especial que você é.
Todo
embasbacado, ficou a fera com o encantamento e não percebeu que o moço foi
tirado da caverna. Markus era o seu nome.
-
Vamos, vamos depressa, pois logo vai escurecer.
Os
dois seguravam os braços do rapaz para que ele não caísse pelo caminho. Magda,
quando viu que o plano tinha dado certo, disfarçou e também fugiu. A fera
endoideceu.
-
Raios, raios! Meu mestre vai me destruir. Como pude ser tão tolo, cair num
encanto de bruxaria. Estou perdido.
Festos
soube, pois dois de seus espiões, criaturinhas esquisitas em forma de insetos
lhe contaram o fato.
-
Maldito! Aquele incompetente, deixou que o rapaz saísse de sua prisão. Corram
todos, temos que impedir que ele toque a rosa. Isso só pode ser coisa da
Morgana. Corram, corram! E você seu morcego idiota irá passar todos os seus
dias numa gaiola de aço.
O
Mago saiu para impedir que toda a maldição fosse quebrada. Rumou até o palácio
de Petros, que se encontrava em ruinas. Só não contava com a surpresa que o
aguardava.
Petros
chega com o moço e fica aguardando a rosa se abrir.
-
Boris, esconda o moço, vou me certificar de que não fomos seguidos.
-
Sim meu senhor.
-
Quem são vocês, por que me trouxeram a este lugar? Disse Markus assustado.
-
Fique calmo. Respondeu Boris.
Em
silêncio aguardavam quando de repente Festos aparece.
-
Petros, por que me desafia de novo, saia de teu esconderijo, me entregue o rapaz.
Saia, seu covarde!
Nesse
momento Morgana aparece.
-
Pare Festos! Temos um assunto para resolver.
-
Não ouse, sua traidora, não me desafie. Não basta o mal que me fez passado me
traindo!
-
Não fale o que não sabe, ficou cego por causa do ciúme. Não me deu ouvidos, não
quis saber a verdade. Tornou-se amargo e vingativo.
-
Fui traído sim, me trocou por outro.
-
Isso não é verdade. O teu ciúme não deixou que enxergasse a verdade. Nunca o
trai, foi tudo intriga daqueles que não queriam a nossa felicidade.
-
Não acredito!
- É
a mais pura verdade.
Enquanto
os dois discutiam as suas vidas, Petros pegou o moço e o levou até a rosa. As
pétalas foram se abrindo lentamente. O lugar foi ficando iluminado.
-
Meu senhor, que é esse moço? Indagou Katherina.
- É
Markus, ele veio te conhecer, mas infelizmente não pode ver a tua beleza.
- Por
quê?
-
Ele é cego.
De
repente, algo mágico acontece. O moço estende a mão e perpassa os espinhos e
quando vai tocá-la, Festos brada com muito ódio:
-
Não se atreva! Senão irá morrer.
Armou
o seu arco, e quando ia atirar a flecha, Morgana grita:
-
Matará o teu próprio fruto por causa do teu ódio?
- O
que fala?
-
Sim, ele é teu filho, teu filho!
-
isto não pode ser verdade.
- É
a mais pura verdade. O ciúme não apenas te cegou, como também cegou teu filho.
Festos
ficou imóvel. O coração embrutecido amoleceu. Caiu de joelhos e chorou, um
choro amargo.
-
Como pude ser tão insensato, passei todos esses anos alimentando o ódio.
Condenei meu próprio filho a viver na escuridão. Como pude ter ficado tão cego.
-
Festos, deixe nosso filho que nunca viu a luz deste mundo, que nunca conheceu a
maldade e seus vícios tocar a flor para que o ódio se transforme em amor. Deixe-o
cumprir o seu destino.
Morgana
abraça o mago e juntos choram o dissabor de duas almas amantes separadas pela
mentira. Neste instante Markus toca a rosa, seus olhos puderam pela primeira
vez contemplar a beleza da vida.
- Oh
meu Deus! Como você é linda.
-
Você está me vendo?
-
Sim, sim, estou vendo, estou vendo.
Petros
extasiado com o que estava acontecendo, nem percebeu as transformações ao seu
redor. Toda a maldição foi quebrada. Sua corte voltou a ser o que era antes.
O
jovem arrancou os espinhos, tirou a moça da redoma e a trouxe até Petros.
-
Minha filha, está livre, livre!
- Quer
dizer que todos esses anos foi o meu próprio pai quem cuidou de mim.
-
Sim, o meu amor nunca me separou de você.
Ele
a abraçou e choraram um choro de alegria. Naquele momento Petros recupera toda
a sua aparência de rei.
-
Boris, meu querido Boris, amigo de sempre, onde você está?
-
Estou aqui meu senhor.
Boris
também voltou a ser o Lorde que sempre fora. Os dois se abraçaram e sorriram.
Markus
foi até Morgana acompanhado por Magda. Ficou sabendo de toda a sua história.
Abraçou sua mãe que o acariciava, como todas as mães fazem. Festos todo
envergonhado olha para o moço, pede-lhe perdão e diz:
-
Não sou digno de ser perdoado, pois nunca ouvi o pedido dos outros. Vou para a
caverna para purgar os meus erros. Quem sabe um dia destes eu possa me
encontrar. Adeus!
-
Espere meu pai! Nossas vidas hoje se encontraram, podemos recomeça-las a partir
de agora. Meu coração está aberto para o senhor e minha mãe.
O
mago desmoronou. Abraçou o filho como se fosse uma eternidade.
O
reino voltou a ser iluminado. A rosa casou-se. Petros envelheceu e viveu sua
velhice feliz. Morgana voltou para sua floresta. Festo resignou-se e nunca mais
praticou maldades e aprendeu a lição de que não se deve deixar que sentimentos
mesquinhos possam cegar nosso entendimento.
Autor:
José Geraldo da Silva