sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

DAQUELAS HISTÓRIAS DE SALA DE AULA




Há alguns anos eu trabalhava em uma escola da periferia da minha cidade e dava aulas para alunos de oitavas séries. Naquela ocasião propus que produzissem em uma versão moderna histórias já contadas, tais como: Chapeuzinho Vermelho, Os três porquinhos entre outras. A maioria reclamou, mas aceitou o desafio. Estava difícil sair alguma coisa, e eu já estava ficando impaciente. Percebi então que no grupo de alunos havia um que ainda não tinha me mostrado o seu texto. Pedi-lhe que o apresentasse, porém ele negou, alegando que não estava bom e eu não iria gostar nem um pouco. Depois de muita insistência e com a promessa de que não iria puni-lo ele o entregou.
Ele abaixou a cabeça no momento em que eu comecei a ler. Foi uma surpresa maravilhosa. Fiquei impressionado com sua criatividade. A história por ele relatada era a dos Três porquinhos que começava mais ou menos assim:
Era uma vez num lugar bem distante onde moravam os três porquinhos. Num certo dia um dos porquinhos se aproximou de uma ovelhinha que chorava desesperadamente, e logo quis saber do que se tratava:
- Por que está chorando assim colega?
Ela então respondeu:
- Você não sabe da última?
- E qual é a última que te deixou neste estado?
- É que o lobo Exageraldo está à solta nos atormentando com perguntas sobre orações coordenadas e subordinadas, e não aguentamos mais.
Nesse momento interrompi a leitura, e quase soltei uma enorme gargalhada. Continuando a história.
O porquinho apavorado lhe disse:
- Vou correndo contar aos meus irmãos para que se protejam.
Passado algum tempo o lobo Exageraldo se aproximou da casa do primeiro porquinho, e gritou:
- Saia já daí e me responda às perguntas que vou fazer, senão derrubo sua casa.
O porquinho apavorado gritou:
- Não saio, não saio! Eu não sei te responder.
O lobo então soprou, soprou até que a casa foi ao chão. O porquinho correu desesperadamente para a casa de seu irmão e ficou por lá. Não demorou muito para que Exageraldo aparecesse e gritasse:
- Saiam já daí, e me respondam as questões de gramática, senão derrubo esta casa.
            Eles responderam:
            - Não vamos sair, não sabemos as respostas.
            Não precisa nem dizer que a casa deles também caiu. Desesperados correram para a casa do outro irmão. Este era estudioso, fazia todas as atividades escolares. Gostava dos livros, era um aluno nota dez. Acolheu os irmãos e os colocou para estudar. O medo os fez estudar como loucos.
            Exageraldo cheio de razão chegou até a última casa, e como sempre gritou:
            -Saiam daí e me respondam as perguntas gramaticais, senão eu derrubo esta casa.
            - Eles gritaram:
            - Manda ver, estamos preparados para você. Não temos mais medo de suas provas e questionários.
            Saíram e responderam tudo. O lobo ficou meio sem-graça, pois achava que ninguém seria capaz de aprender gramática, essa matéria torturante. Foi embora e nunca mais atormentou as pobres criaturas.
            Vocês não imaginam a minha felicidade, ler algo tão criativo. É claro que o texto teve nota máxima. Entretanto o medo do aluno era de que eu ficasse bravo com o nome dado ao lobo, Exageraldo. Pelo contrário, fiquei lisonjeado. Sou o professor Zé Geraldo, de Língua Portuguesa. Entenderam o porquê do nome?
            Às vezes muitos alunos não mostram seus talentos e qualidades artísticas, com medo de serem reprimidos ou ridicularizados. E também percebi o horror que os alunos sentiam em relação às aulas maçantes de análise sintática, por isso, daí em diante mudei os meus métodos. Foi mais uma lição que aprendi na minha vivência em sala de aula. Há muitas pérolas que precisam ser polidas até que se tornem joias raras. Todos são capazes, é só acreditar.

                                                         José Geraldo da Silva

A TARTARUGA E A LEBRE




Um dia destes estava fazendo uma reflexão com meus alunos sobre pessoas vencedoras e pessoas que se perdem pelo caminho. Ilustrei para eles a história da lebre e a tartaruga. Foi então que nasceu a vontade de recontar a fábula, que ficou assim.
Era uma vez em uma floresta habitada por vários seres, cada um com sua diferença, que resolveram fazer um debate sobre quem seria o ser mais veloz do lugar. Conversa vai, conversa vem, e nenhum parecer foi estabelecido. Então o mestre coruja propôs uma corrida para estabelecer o veredicto. Muitos seres se propuseram a participar, foi quando a lebre chegou com sua arrogância costumeira, pois não havia participado do debate, dizendo:
- Essa vai ser mamão – com - açúcar, sou e sempre serei o ser mais veloz deste lugar.
Houve muito barulho e espanto, pois todos sabiam que aquele ser era realmente veloz, e não foi citado na discussão por não estar presente, coisa que, aliás, era normal, sempre faltava às reuniões. Praticamente todos desistiram, a não ser, vejam, só, a tartaruga. A bicharada pôs-se a rir e a zombar da pobre coitada.
- Você não se enxerga, não vê o papel ridículo que está fazendo.
Outro bicho mais ousado, com muita ironia disse:
- Ô cascuda, nem Santo Expedito pode resolver esta causa.
Foi muita zombaria. A lebre como já disse, na mais alta arrogância se fingia de morta, e ainda para humilhar a pobre cascuda, propôs:
- Vou esperar uma hora para começar a correr. Essa tá ganha!
A pobre coitada da tartaruga não recebeu apoio de ninguém, a não ser do mestre coruja, que lhe disse:
- Não se preocupe você vai chegar até o fim. Acredito na sua perseverança e determinação. Você não se acovardou diante deste desafio.
Essas palavras tocaram fundo o coração do pequeno quelônio. Apesar de suas limitações, não desistiu do seu objetivo. Pensou nas noites de estudo, das horas que observou os outros animais, pensou nas estratégias e nas palavras do mestre coruja.
Aquele dia nunca mais foi esquecido e até hoje é comentado pelas gerações de animais que habitam aquela floresta. Havia muito barulho no ar, muita expectativa e um sentimento de “já ganhou” pelos amigos da lebre. Do lado da tartaruga, somente os bichos desprezados que a acompanhavam, pois ela representava naquele momento o seu espírito de derrota. Quanta humilhação. Muitos gritavam:
- Você não precisa disto, já é diferente por natureza. Aonde pensa que vai chegar?
A pobre coitada segurou o choro e a emoção e se posicionou na linha de partida. A lebre como sempre não apareceu. Tinha passado a noite na balada. Estava curando o porre. Pois como havia dito que daria uma hora de vantagem não apareceu para a largada. A tartaruga a passos curtos e pesados pôs-se a caminhar. Obstinada só olhava para frente. Esqueceu-se das humilhações, das zombarias, das ironias e avançava a passos firmes para alcançar o alvo.
A lebre apareceu duas horas depois com sua turminha falando alto e zombando:
- E não é que a coitada veio mesmo! Disse com ar de superioridade.
Falou para todos que não tinha pressa, pois quando quisesse dispararia a correr e chegaria com folga à frente da adversária. Com isso, ficou conversando com a sua turminha, contando piadas e tirando um sarro dos outros bichos.
- Querem dobrar a aposta, ainda dá tempo.
Correu um pouquinho e parou para trocar ideias com os manos do morro ao lado da floresta para saber qual a parada. E a tartaruga estava lá sempre olhando para frente. A lebre parou mais uma vez, outra vez até que se esqueceu da corrida, pois o barato era muito louco, não dava para perder. Ficou chapada e bodeou, ou seja, apagou.
Enquanto isso a destemida cascuda continuava a sua trajetória até que por impossível que pareça, cruzou a linha de chegada. A bicharada ficou boquiaberta sem saber onde estava a lebre, aquela que sempre vencia as corridas. A resposta foi: ficou pelo caminho.
Uma lição toda a bicharada tirou deste evento que serviu de estímulo para os mais fracos, discriminados e desprezados pela sociedade. O que adianta talento, esperteza e inteligência se não tivermos traçado os objetivos para nossas vidas. O que adianta tudo isso se nos perdermos pelo caminho. A tartaruga é o exemplo daqueles que não desanimam e lutam, apesar de suas limitações, para alcançar o sucesso. A lebre representa todos aqueles que se perdem na vida, embora sejam talentosos.
Ah! Já ia me esquecendo do mestre coruja. Nem precisa dizer da sua felicidade, pois acreditou no potencial de sua pupila tartaruga. Ele representa aqueles que não olham para as diferenças como obstáculos, e sim, que essas diferenças é que constroem o saber e a vitória.
Foi assim que pensei esta história.
                                       
                                                      Autor: José Geraldo da Silva

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

AFORISMOS




“Desejar é o primeiro passo para a conquista de nossos sonhos”
                                                           (autor desconhecido)

“O sucesso é uma questão de não desistir, e fracasso é uma questão de desistir cedo demais”.
                                                                                                                   (Walter Burke)

“Deixar de cometer erros está fora do alcance do homem. Entretanto, em seus erros e enganos, o sábio e o homem racional adquirem experiência para o futuro.”
 (Plutarco)

“Mude seus pensamentos e você mudará seu mundo.”
(Normam Vincent Peale)

“Todos os nossos sonhos podem tornar-se realidade se tivermos a coragem de prossegui-los.”
(Walt Disney)

“Nada de muito importante acontece sem um sonho. Para que algo realmente grande aconteça, é preciso que haja um sonho realmente grande.”
(Robert Greenleaf)

“Os que conquistam são os que acreditam que podem conquistar.”
                                                                                        (Virgílio)

“Metade do que você é, deve-se ao que você pensa de si mesmo.”
(Autor desconhecido)

“Pouco resta a fazer além de enterrar um homem quando o último de seus sonhos está morto.”
(Wilfred A. Peterson)

“O voo até a lua não é tão longe. As distancias maiores que devemos percorrer estão dentro de nós mesmos.”
(Charles de Gaulle)

“O futuro tem muitos nomes”.
Para os fracos, é o inatingível.
Para os temerosos, o desconhecido.
Para os valentes, é a oportunidade.”
(Victor Hugo)


“É praticamente uma lei na vida que, quando uma porta se fecha para nós, outra se abre. A dificuldade está em que, frequentemente, ficamos olhando com tanto pesar a porta fechada, que não vemos aquela que se abriu.”
(Andrew Carnegie)

“Um dos mais elevados deveres humanos é o dever do encorajamento.
É fácil rir dos ideais dos homens; é fácil despejar água fria no seu entusiasmo; é fácil desencorajar os outros.
O mundo está cheio de desencorajadores.
Temos o dever de encorajar-nos uns aos outros. Muitas vezes uma palavra de reconhecimento, ou de agradecimento, ou de apreço, ou de ânimo, tem mantido um homem de pé.”
(Willian Barclay)

O TEMPO



Parado, sentado, calado
Contido, reprimido, ferido
Ensimesmado, acabrunhado, atado
Perdido, embebecido e enraivecido
Assim me sinto diante do tempo
Tempo que poda as esperanças
Tempo que anima o esperar
Tempo que serve como droga
Para curar a ansiedade
De se esperar, de acreditar e avançar.
Sua passagem leva o vigor
Leva o melhor da flor
Suga a essência juvenil
Forja a coroa da maturidade
Tinge de branco os fios como sinal
De que a jornada está no final
Marca o olhar, o sorriso.
Sem se preocupar com nossa vontade
Ah! O tempo, inimigo dos apressados,
Dos desenganados
Amigo e esperança dos que sabem lutar
Porém não se pode ficar parado
Diante de o seu passar
Porque ele não espera
E leva as oportunidades dos que não
Sabem agarrá-las e aproveitá-las
Daqueles que não sabem aproveitar
O tempo que é próprio para se plantar
E sabem que o tempo perdido
Não pode mais voltar
Diante disso, é viver todo o tempo
Sem perder tempo.

José Geraldo da Silva


CADEIAS




Encadeados em quadrados
Por sentimentos enquadrados
Encadeados por todos os lados
Por elos que foram forjados
Na forja alimentada pelo fogo
Da impaciência, da intolerância, da ignorância.
Que solidificaram, endureceram
E obscureceram a liga mais nobre
Liga constituída pela bondade,
Lealdade, amizade e verdade
Forja que aquecida depurou
Apenas a liga que forma cadeias
Cerradas por cadeados por todos os lados
Aprisionando os sonhos alados
Como se fosse Pégaso amarrado
Sem poder voar e levar os sonhos encantados
Quebrar cadeias é viver de verdade
É sentir ser
É ser sem ser encadeado
Enquadrado no quadrado
Encadeado por todos os lados.

José Geraldo da Silva