quinta-feira, 9 de novembro de 2017

IMORTAIS

Numa dessas conversas de sala de professores surgiu o assunto que sempre se discute, “virar nome de escola”. Sabemos que para que isso aconteça o professor tem que morrer. Coisa estranha, não é? Isso me levou a uma reflexão, morrer para reviver. É bem isso que acontece.
Uma colega com ares de saudades nos contou sobre os seus tempos de escola no velho Alexandrino, sim no Professor Alexandrino da Silveira Bueno, uma das emefes da cidade de Barueri. Todos pararam para ouvir suas recordações.
Tinha sete anos, lá pelos idos anos de 1974. As ruas eram de terra e em dias de chuva era o famoso amassa barro. Usava saia xadrez, blusa branca, cinto vermelho e sapatos pretos. Fazia de tudo para não sujar a roupa para não passar vergonha. Ficou por lá até a oitava série. Quantas lembranças, professores, amigos e o velho Alexandrino sendo marcado pelo tempo. Segundo ela, seu vínculo com a escola continuou, pois sua secção eleitoral era lá.  Ela acompanhou todas as mudanças do bairro, asfalto, iluminação, novas casas, comércio e o velho se mantinha de pé.
Um retrato emocionante, quantas marcas ficaram registradas. O professor Alexandrino, acredito eu, nem imaginava que ficaria vivo, e muito vivo, principalmente nas lembranças e na alma que o seu nome de escola deixou nas pessoas que ali estudaram. Ele continua lá, no mesmo lugar de sempre, com roupagem nova, todo imponente, bem no alto para que todos o vejam, coisas do destino.
Pensando bem, não é tão ruim assim virar nome de escola. Ficamos imortalizados, pois é comum as pessoas perguntarem:  - onde você estuda? E a resposta é: - No Alexandrino ou outro nome de professor. De verdade, o professor não morre, permanece vivo, vira entidade importante. Como diz Rubem Alves: Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. “O professor, assim não morre jamais...”.
Como o velho Alexandrino todos os professores continuam vivos, mesmo que não virem nomes de escola. E assim o velho vai se confundindo com o novo. De tempo em tempo os arquitetos vão dando um jeito de rejuvenescê-lo. Essa foi a minha reflexão, o professor não morre, e sim renasce quando vira nome de escola. Não é Velho Alexandrino?


Professor José Geraldo da Silva