Numa
dessas conversas de sala de professores surgiu o assunto que sempre se discute,
“virar nome de escola”. Sabemos que para que isso aconteça o professor tem que
morrer. Coisa estranha, não é? Isso me levou a uma reflexão, morrer para
reviver. É bem isso que acontece.
Uma
colega com ares de saudades nos contou sobre os seus tempos de escola no velho
Alexandrino, sim no Professor Alexandrino da Silveira Bueno, uma das emefes da
cidade de Barueri. Todos pararam para ouvir suas recordações.
Tinha
sete anos, lá pelos idos anos de 1974. As ruas eram de terra e em dias de chuva
era o famoso amassa barro. Usava saia xadrez, blusa branca, cinto vermelho e
sapatos pretos. Fazia de tudo para não sujar a roupa para não passar vergonha.
Ficou por lá até a oitava série. Quantas lembranças, professores, amigos e o
velho Alexandrino sendo marcado pelo tempo. Segundo ela, seu vínculo com a
escola continuou, pois sua secção eleitoral era lá. Ela acompanhou todas as mudanças do bairro,
asfalto, iluminação, novas casas, comércio e o velho se mantinha de pé.
Um
retrato emocionante, quantas marcas ficaram registradas. O professor
Alexandrino, acredito eu, nem imaginava que ficaria vivo, e muito vivo,
principalmente nas lembranças e na alma que o seu nome de escola deixou nas
pessoas que ali estudaram. Ele continua lá, no mesmo lugar de sempre, com
roupagem nova, todo imponente, bem no alto para que todos o vejam, coisas do
destino.
Pensando
bem, não é tão ruim assim virar nome de escola. Ficamos imortalizados, pois é
comum as pessoas perguntarem: - onde
você estuda? E a resposta é: - No Alexandrino ou outro nome de professor. De
verdade, o professor não morre, permanece vivo, vira entidade importante. Como
diz Rubem Alves: Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma
continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da
nossa palavra. “O professor, assim não morre jamais...”.
Como
o velho Alexandrino todos os professores continuam vivos, mesmo que não virem
nomes de escola. E assim o velho vai se confundindo com o novo. De tempo em
tempo os arquitetos vão dando um jeito de rejuvenescê-lo. Essa foi a minha
reflexão, o professor não morre, e sim renasce quando vira nome de escola. Não
é Velho Alexandrino?
Professor
José Geraldo da Silva