sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SONHEI QUE ERA DIA DAS CRIANÇAS



Acordei, tomei meu café habitual e abri o jornal como costumo fazer todas as manhãs. A manchete trazia a seguinte notícia: “Foi reduzida a 0% a mortalidade infantil no país”. Confesso, me emocionei. Outra notícia também dizia que nenhuma criança com idade escolar estava fora das escolas. A cada notícia ou reportagem uma nova surpresa. Não há mais crianças pedindo esmolas nos sinais de trânsito; meninos e meninas não sofrem mais abusos sexuais; não são mais vítimas de violência doméstica. Foi erradicada de uma vez por todas a prostituição infantil, varrida para sempre do nosso solo. O número de gravidez na adolescência diminuiu abruptamente. Enfim, o Estatuto da Criança e do Adolescente está sendo cumprido e respeitado em todo o território nacional. Ao ler essas notícias comecei a chorar de felicidade. Porém, infelizmente, acordei de um sonho.
Esse sonho mágico me levou às lágrimas e a uma reflexão sobre o famoso dia das crianças, uma jogada comercial bem sacada. Comemorar o quê? Se as nossas crianças sofrem maus tratos, são vítimas de violências, ainda estão nas ruas, nos lixões da vida. São vítimas de abandono, haja vista o número de casas abrigos. São Tragadas vorazmente pelo monstro das drogas. Há ainda um grande número fora das escolas. Muitas têm a sua inocência roubada opor causa de uma violência sexual. Seus direitos são desrespeitados todos os dias. Responda-me; comemorar o quê?
O dia das crianças só será de fato uma verdade, quando todo esse mal for erradicado. Quando de fato as autoridades constituídas levarem a sério a educação e fizerem cumprir o que a lei determina, pois um país que não cuida e respeita suas crianças não pode esperar um bom futuro. Aliás, desrespeito é uma palavra comum nesta nação. Nossas crianças não precisam de atenção, apenas por um dia para agradar o comércio, mas sim, que todos os dias sejam de verdade, dias das crianças. Assim o meu sonho se tornará realidade.


       Autor: José Geraldo da Silva